*Resenha* Rastros de Sangue
Adoro histórias de assassinatos e investigações, serial killers e mistérios, principalmente se é ficção histórica. Nem sei explicar o motivo de ter demorado tanto para pegar essa série da autora Kerri Maniscalco.
Audrey Rose Wadsworth não é como as outras moças da sociedade londrina. Ela estuda medicina forense com seu tio e prefere investigar causas de morte ao invés de tomar chá e conversar sobre vestidos. Acompanhada por Thomas Cresswell, pupilo de seu tio, ela se vê em meio a assassinatos que só eles podem resolver.
O primeiro volume, intitulado “Jack, O Estripador”, traz Wadsworth e Cresswell correndo por Londres em busca de pistas e respostas para os terríveis corpos mutilados que começaram a aparecer. As investigações indicam que pode haver uma conexão entre as mortes a família de Audrey Rose, e ela não sabe mais em quem confiar, mas precisa descobrir o culpado o mais rápido possível.
Audrey Rose e Thomas se conhecem no início do livro, e logo percebem que podem se beneficiar do intelecto do outro – além de estarem claramente atraídos um pelo outro. A dinâmica deles é meio Holmes e Watson, com Thomas fazendo o papel do gênio que não deixa passar um detalhe e tem dificuldades em interagir e Audrey Rose sendo o elemento humano – mas não menos inteligente – com que nós, leitores, podemos nos relacionar. Eles vivem trocando farpas, entre flertes e repreensões, daquela forma vitoriana que que nos faz suspirar, mesmo um uma história de terror como essa.
E o terror é muito bem executado. As cenas são descritas de modo a aumentar o suspense, muitas vezes de forma gráfica, nos dando a sensação de estar dentro do livro.
O segundo volume, Príncipe Drácula, traz uma mudança de cenário. Audrey Rose e Thomas vão para a Romênia, onde a melhor escola de ciência forense é localizada, no castelo do Dracula, Vlad O Empalador. Dessa vez, a morte está por todo lado, desde passagem secretas e câmaras misteriosas no castelo, até a floresta nevada e o vilarejo ao pé da montanha.
O castelo é praticamente um personagem em si, cheio de segredos terríveis – além dos cadáveres utilizados nas aulas de anatomia, claro. Só de pensar em me hospedar em um lugar desses já me deixa desconfortável, imagina Audrey Rose em um quarto na torre do castelo, sozinha, com estresse pós-traumático depois dos eventos do livro anterior?
Por mais forte, habilidosa e corajosa que ela seja, o estresse pós-traumático faz com que Audrey Rose questione sua capacidade de lidar com os acontecimentos sombrios que a cercam, e ela cogita até mesmo desistir de seu sonho. Em meio aos outros alunos e o diretor, todos homens que acham que mulheres não pertencem ao mesmo patamar que eles, ela precisa provar mais do que nunca que pode resolver o mistério.
Nesse cenário, Thomas tenta de maneira atrapalhada acomodar as necessidades de Audrey Rose, mas na maioria das vezes ela toma como tentativas de controlá-la, e a irritação cria conflitos entre os dois. Por mais que Audrey Rose goste de Thomas, ela busca emancipação, liberdade e independência, e não quer pertencer a ninguém, muito menos um marido. Thomas, por sua vez, é genuíno em sua afeição, e vê Audrey Rose como igual.
Novamente as cenas são cheias de suspense e tensão, algumas tão horríveis que eu achei que estava lá, com aranhas no meu cabelo, água subindo pela cintura e sangue pelo chão.
Foi uma leitura bem imersiva para mim, me senti andando pelas ruas sujas da Londres do século 18, em meio a bordeis e bares, ou pela floresta onde corpos foram empalados e lobos perseguem suas presas.
Nos dois livros, as resoluções dos mistérios poderiam ser óbvias se não tivessem sido executadas tão bem. Não apenas as revelações das identidades dos assassinos, mas toda a ambientação da descoberta, o choque que os personagens sentem, as consequências imediatas, e claro, o gancho para a próxima aventura.
As edições da Darkside são lindas, com capa dura, marcador de página e ilustrações entre os capítulos. Espero que os outros volumes da série também sejam publicados no Brasil em breve, estou louca para ler!
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