*PRIDE MONTH* Os Sete Maridos de Evelyn Hugo

Esse livro me surpreendeu de muitas maneiras. Recebi no kit de abril de 2019 da Tag Inéditos, e já adorei a capa da edição especial em parceria com a Editora Paralela. A história escrita por Taylor Jenkins Reid foi por um caminho bem diferente do que imaginava, e houve uma revelação final que chocou não só a personagem como a mim também.

Evelyn Hugo foi uma estrela da era de ouro de Hollywood, famosa por sua aparência, seus filmes e seus casamentos escandalosos. Já com idade avançada e afastada dos holofotes, Evelyn chama a jovem jornalista Monique para finalmente contar sua história e revelar seus segredos, e não aceita ser entrevistada por mais ninguém. Enquanto a lendária atriz divide sua trajetória ao estrelato, Monique se pergunta o motivo de ter sido escolhida pessoalmente.

Apesar de ter o nome no título, Evelyn não é a única protagonista do livro. Sua história de vida é contada, mas é o dia a dia de Monique que permeiam as margens, e portanto são as emoções dela em relação à narrativa de Evelyn que se tornam o foco. Achei essa abordagem muito interessante, especialmente pois só descobrimos por que a atriz a chamou bem no final, e isso tem um grande impacto na personagem.

Monique é uma mulher do século 21 com problemas comuns: seu casamento está desmoronando, sua carreira não sai do lugar, sua mãe liga todo dia para saber as novidades inexistentes, ela sente falta do pai que saiu de casa e faleceu há muito tempo. Essa “normalidade” contrasta com o glamour da vida de Evelyn, e nos deixa tão curiosos sobre a atriz quando Monique.

O livro é brilhante em todas as suas sutilezas. Preconceito, racismo, machismo, homofobia, violência doméstica, padrões de beleza impossíveis. Tudo é abordado de forma clara e integrado naturalmente na história, afinal, estamos falando de Hollywood dos anos 50 em diante. Também traz uma desconstrução sobre rivalidades entre mulheres e como essa construção social afeta as interações das mulheres ao tornarem todas ao redor em “competição”.

Evelyn é descendente de cubanos, e desde muito cedo soube que o seu look não era o que Hollywood procurava em suas estrelas. Ela tingiu o cabelo de um loiro platinado que contrastava com sua pele morena, tornando isso uma de duas marcas; se casou com homens que fossem ajudá-la a atingir seus objetivos; fez cenas de nudez para se tornar um sex symbol. Todas essas ações e outras a tornaram uma lenda, um ícone fashion e uma inspiração, mas também geraram críticas vindas de todos os lados.

Ao contar sua história, Evelyn pela primeira vez controla a narrativa e conta a sua verdade, seus sentimentos, suas ambições e seus medos, deixar sua humanidade a mostra. O livro é dividido entre os sete maridos da atriz, e revela qual foi o verdadeiro amor de Evelyn Hugo, aquele que ela teve que manter em segredo e nunca pôde revelar ao mundo, não por vergonha, mas por sentir que todos a condenariam.

O livro é um hino de empoderamento feminino e queer. Evelyn se tornou a imagem da mulher perfeita, linda e sexy, intocável, e os homens se sentiam decepcionados que percebiam que ela era uma mulher real, não apenas uma imagem na tela. Ela queria tanto ser amada e vista e ouvida, e foi escondendo partes de si que considerava “feias”, e isso a tornou a estrela no pedestal que não a fez feliz. Ela teve amores e decepções, e os casamentos e divórcios que apareciam nos jornais sempre de uma forma ou de outra a faziam parecer culpada de algum crime – era ela uma atriz muito boa, ou era só boa de cama? Por que ela não conseguia segurar um marido? Quem iria conseguir enfim domar a grande Evelyn Hugo? -, como se a mulher fosse a responsável. É uma história de amor próprio, de saber o próprio valor e lutar por ele e, antes tarde do que nunca, aceitar a si mesmo. 

Sinceramente, só lendo para entender como esse livro é incrível, então se você ainda não leu, coloque na sua TBR.

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