*Resenha* How To Be A Normal Person

Descobri esse livro na minha eterna busca por livros com representação assexual e, após ter lido um livro do autor T. J. Klune em abril, já sabia que podia esperar uma história cheia de humor.

Gustavo Tiberius tem sua rotina que nunca muda e ele gosta disso. Com seu furão de estimação, ele lê a mensagem motivacional do seu calendário, compra um copo de café preto na cafeteria do outro lado da rua e vai trabalhar em sua videolocadora, seis dias por semana, e depois volta para casa. Ele saber decor todos os ganhadores e indicados ao Oscar, lê enciclopédia e seus únicos amigos são um trio de senhoras que pilotam Vespas e podem ser irmãs ou lésbicas em um relacionamento poliamoroso – ele nunca teve coragem de perguntar. Então um hipster maconheiro assexual se muda para a cidade e de repente sua vida está de cabeça para baixo. Gus ouve por acaso Casey dizer que o acha “esquisito, anormal e estranho”, e decide que está na hora de aprender a ser normal.

Gus é maravilhosamente escrito, suas excentricidades e manias são ao mesmo tempo estranhas e normais, principalmente se você é introvertido. Ele ainda está de luto pela morte do pai e não sabe muito bem o que fazer consigo mesmo sem o Pastor Tommy – seu pai, que era praticamente dono da cidade e um maconheiro de primeira - para direcioná-lo, portanto segue sua rotina e se sente muito incomodado quando há alguma mudança em seu dia. Ele não sabe muito bem como se comunicar e parece mais um velho rabugento do que um jovem adulto. 

Sua amizade com as We Three Queen, a gangue de motoqueiras idosas local, é hilária. São três senhoras que usam jaquetas de couro cor de rosa e pilotam Vespas, e aparecem todos os dias para alugar filmes, sempre no mesmo horário, e Gus não sabe bem o motivo para elas o terem praticamente adotado. Outra pessoa constante na vida dele é Lottie, a dona da cafeteria em frente à sua casa, que sempre coloca um bolinho ou cookie no pedido dele, mesmo ele insistindo que não gosta.

Esse livro me fez gargalhar várias vezes. As conversas de Gus por telefone com a empresa de internet são hilárias. Na verdade, desde a contatação de que ele tem acesso à internet e nunca utilizou, até as pesquisas que ele acaba fazendo, é impossível não rir com o quão ridícula a situação é. 

Quando ele pesquisa “como ser uma pessoa normal”, ele encontra um site cheio de dicas de como se vestir, agir, falar, tudo meio sem pé nem cabeça, mas como ele não sabe o que fazer, acaba seguindo as dicas. A única coisa que me irritou um pouco foram as tangentes que saiam os posts das dicas, alguns deles eu até pulei porque senti que eram muito longos e tiravam um pouco o ritmo da história.

E então entra Casey, o hipster maconheiro assexual, que adora hashtags e postar fotos no Instagram. Ele claramente fica encantado pela excentricidade de Gus logo que o conhece, e Gus não tem ideia de como agir. As interações deles são adoráveis, os dois meio sem saber o que fazer para conquistar o outro, sem perceber que eles são praticamente um par perfeito. Lottie, que é tia de Casey, e as We Three Queens ficam só assistindo e, de vez em quando, oferecendo algum conselho. 

Casey conta bem no começo que é assexual, e isso não parece afetar Gus de forma nenhuma, já que ele mesmo tem pouco interesse em sexo e suas experiências anteriores foram bem insatisfatórias. Quando questionado pelos amigos de Casey sobre o assunto, Gus deixa claro que a assexualidade de Casey não diminui seu afeto e não se tornará um problema, pois ele o aceita e o aprecia como é. Ele é claramente uma pessoa que aceita todos como são.

Gus passa tanto tempo se esforçando para ser “normal” que nem percebe que conquista todas as pessoas que conhece com seu jeito emburrado e excêntrico - sem falar que as tentativas dele de agir “normal” o fazem parecer mais estranho ainda. E é essa a mensagem do livro, que não há nada de errado em ser “esquisito, anormal e estranho”, porque todos nós somos de alguma forma “esquisitos, anormais e estranhos” e isso nos torna únicos. É uma história sobre aceitação e ser verdadeiro consigo mesmo e com os outros, com muito desenvolvimento pessoal, personagens divertidos e reais, situações hilárias e momentos tocantes. 

No próximo mês vou ler a continuação, How To Be A Movie Star, que segue um dos amigos de Casey, Josy, que é ainda mais maconheiro que Casey e talvez até mesmo Pastor Tommy – o pai de Gus -, em Los Angeles, e eu ouvi dizer que é ainda melhor.

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