*Resenha* The Boy In The Red Dress

Eu tenho uma coisa por capas desenhadas, histórias que se passam no anos 20, mortes misteriosas e personagens queer. Esse livro tem tudo isso, e mais. É o livro de estréia da autora Kristin Lambert.

Millie Coleman trabalha no clube clandestino de sua tia Cal. Na véspera de ano novo, ela está como responsável pelo clube quando uma garota rica aparece morta. O primeiro suspeito é Marion, a estrela do clube que canta como um anjo e usa vestidos lindos, e que tinha sido visto ameaçando a vítima. Millie confia que seu melhor amigo não é um assassino, e sabe que a polícia não vai procurar a verdade quando o principal suspeito é um menino que usa vestidos. Ela decide fazer sua própria investigação e salvar Marion de uma injustiça.

A história se passa durante a época da Lei Seca americana, e o clube Manto e Adaga não apenas oferece bebidas alcoólicas, como também é um santuário para quem não se encaixa nos padrões da sociedade. Garotos dançam com garotos, meninas com meninas, homens usam vestidos e mulheres usam calça e cartolas. Eu meio que fiquei imaginando os figurinos do filme Chicago e misturado com a ambientação de A Princesa e o Sapo, que se passa em Nova Orleans nos anos 20 como o livro.

É um murder mystery, então temos pessoas com segredos a esconder, investigações e interrogatórios. Entre os suspeitos estão os amigos da vítima Aramentha, um grupo de jovens ricos envolvidos em casos de chantagem, romances proibidos e possíveis escândalos que eles fariam quase de tudo para impedir que fossem descobertos. Seriam possíveis de matar? Ou será que foi alguma outra pessoa com quem Aramentha se envolveu?

Millie é muito boa em ir juntando as peças do mistério, e não tão boa em tomar conta de si mesma. Ela se mete em várias situações difíceis para conseguir pistas e provas, com a ajuda de Marion e seus amigos do clube.

Marion foi um dos meus personagens favoritos. Com um passado que vai sendo desvendado junto ao mistério do assassinato, ele passou por maus bocados e mesmo assim conseguiu encontrar um lugar e uma família, além de se tornar livre para ser que de fato é, e usar seus talentos para se apresentar em drag. Seu romance com o pianista Lewis é bem fofo.

A protagonista, Millie, é bissexual e tem uma preferência por vestir calças, mas fica bem tanto de vestido como de cartola. Meio dividida entre o filho de um contrabandista de álcool Bennie e a colega de trabalho no Manto e Adaga Olive, ela os deixa frustrados com seu foco absoluto na investigação. Prioridades, né.

Além disso, o relacionamento conturbado e mal resolvido com sua mãe a impede de pensar em romance. Apesar de ter o apoio da tia, Millie se sente muito ressentida com todas as vezes que a mãe a abandonou para seguir um namorado.

Gostei muito de Millie e de como ela é determinada e segura de si. Ela tem uma pose de garota durona e é extremamente protetora daqueles que ama. 
É uma história de amizade, família que a gente escolhe, e sobre defender aquilo que se acredita. Eu fiquei bem feliz com o final e a resolução do mistério, e adoraria ler mais histórias de Millie e seu grupo de pessoas queer solucionado crimes por Nova Orleans.

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