*Resenha* Felix Ever After

Esse livro é apaixonante, sem falar na capa maravilhosa que essa versão da foto não faz justiça. Estou louca para comprar a versão física e colocar na minha estante, mas os preços dos livros importados estão impossíveis, então tenho que me contentar com os digitais. O que já mais do que o suficiente quando a história é tão incrível como essa.

Felix Love tem orgulho de ser um garoto trans, preto e queer, mas secretamente tem medo de não ser o suficiente para ser amado. Entre sua mãe que o abandonou, seu pai que tem dificuldades de usar os pronomes corretos e o fato de nunca ter se apaixonado, Felix vive se questionando. Quando alguém faz uma galeria com fotos suas antes da transição na escola e começa a enviar mensagens transfóbicas na internet, ele tem certeza de que sabe quem é o culpado, e cria um plano para fazê-lo confessar. Só que nem tudo é tão simples, e Felix se vê em situações que colocam seu coração – e sua identidade – à prova.

Para começar, Felix é um ótimo protagonista. Todos os questionamentos dele fazem muito sentido, e a narrativa é sensível. Ele se encontra questionando sua identidade de gênero e teme julgamentos, além de sentir que não tem com quem dividir seus medos. 
Entre os capítulos estão e-mails que Felix escreve para a mãe, que ele nunca manda, mas que contam sobre sua vida. É a forma que ele encontrou de estruturar seus pensamentos, medos e dúvidas.

Seu melhor amigo Erza o apoia, mas as diferenças socioeconômicas às vezes são uma barreira entre os dois. Mesmo assim, o relacionamento deles é muito fofo, e há muita confiança ali.

O livro traz várias discussões sobre machismo, preconceito e transfobia dentro da própria comunidade LGBT, e alguns personagens agem de formas terríveis acreditando que seu próprio status como mulher cis/pessoa queer os torna menos preconceituosos. Como quando uma personagem que namora garotas diz que Felix “odeia mulheres” por ele “não querer ser mulher”, como se isso fizesse algum sentido.

Felix está confuso sobre sua identidade e busca tentar entender como realmente se sente, e qual rótulo se encaixa. Sua jornada é muito bonita, e ele aos poucos vai se sentindo mais confortável em sair dos gêneros binários e encontrar quem realmente é. O autor, Kacen Callender, também passou por um caminho como esse até encontrar sua identidade.

O romance é desenvolvido lentamente e não é o foco da trama, apesar de ser importante para o protagonista. A história é de autodescoberta, aceitação e amor próprio, e, assim como a arte de Felix, é incrível. 

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