*Resenha* The Life and (Medieval) Times of Kit Sweetly

Assim que esse livro foi anunciado que sabia que era meu tipo de leitura. Da autora estreante Jamie Pacton, é uma história de luta feminista, amizade e família.

A trama segue Kit, uma adolescente que trabalha como “servente” no Castelo, um restaurante e show temático medieval, mas o que ela quer mesmo é ser uma cavaleira e se apresentar nos shows. O problema é que o Castelo tem uma política estrita de que só homens cis podem ser cavaleiros, e mulheres são regaladas a serem serventes, ou seja, garçonetes – não que o trabalho não tenha mérito, mas Kit acha injusto que mulheres não possam fazer o mesmo trabalho que os homens. Por isso ela começa uma grande campanha para tornar seus sonhos de igualdade reais, além de que o aumento de pagamento que viria com a promoção também não seria nada mal.

Cheio de referências de cultura pop e de figuras históricas, o livro é leve e divertido, sem deixar de tocar em assuntos mais densos. Machismo no local de trabalho, drama familiar, o peso das expectativas.

Kit divide seu tempo entre a escola e o trabalho no Castelo, e sonha em ir à universidade para estudar história. Seu sonho parece ao mesmo tempo próximo e distante, pois por mais que ela seja aceita, não conseguiria pagar sem auxílio financeiro. Sua família – que consiste em sua mãe e seu irmão mais velho Chris – trabalham duro para pagar as contas e mesmo assim mal conseguem colocar comida na mesa. Seu pai foi embora quando ela criança e nunca deu muita atenção aos filhos, e seu tio – irmão do pai – é o gerente do Castelo e se chefe – e bem babaca.

Apesar dessas dificuldades, Kit consegue se manter positiva e focar em seus objetivos. Com a ajuda de seus amigos e de Chris – que convenientemente também trabalham no Castelo -, ela formula um plano grandioso de forçar a mão da empresa: mostrando que ela pode ser cavaleira ao se apresentar no lugar o irmão. Ela acaba viralizando e utiliza disso para lutar contra o patriarcado corporativo.

A luta de Kit para se tornar cavaleira é inclusiva a mulheres trans e pessoas de gênero não-binário, e o grupo que treina para se tornar cavaleiro é diverso e cria uma amizade muito legal. É sempre importante ver sororidade e mulheres apoiando umas as outras, e esse livro está recheado de momentos em que isso acontece.

Um dos melhores amigos de Kit é Jett, e esse status é responsável por causar um drama um pouco desnecessário, já que eles ficam rodando um ao outro, claramente interessados em algo além de amizade, mas sem se permitir ir em frente.

Além dele, de Chris e da outra melhor amiga Layla, os personagens secundários são nomes e características sem muito desenvolvimento, tirando que alguns são babacas e alguns são legais. Senti que faltou um pouco de atenção à eles, pois acaba fazendo Kit parecer um pouco egoísta – assim como alguns personagens apontam sobre o comportamento dela.

No geral, não é um livro extremamente inovador nem super profundo, mas cumpre o papel de entreter e divertir, trazendo aquela boa dose de feminismo que não faz mal a ninguém.

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