*Resenha* You Asked For Perfect
Esse livro da autora Laura Silverman estava na minha lista há um tempo. Eu esperava um romance LGBTQ+ fofinho e leve, mas foi muito mais do que isso e me surpreendeu positivamente.
Ariel tem o currículo escolar perfeito: notas altas e aulas avançadas, atividades extracurriculares, trabalho voluntário, toca violino na orquestra da escola, é um membro ativo na sinagoga. Tudo perfeitamente calculado para lhe garantir uma vaga em Harvard. Ele não tem tempo para um relacionamento, mas quando sua nota de cálculo começa a cair, quem pode ajudá-lo é Amir, colega de classe e filho de amigos de seus pais. Passar tempo com Amir o faz esquecer um pouco suas notas, e logo as responsabilidades começam a pesar um pouco demais.
Já falei aqui como acho esse processo de admissão nas faculdades estadunidenses muito estranha. Não basta ter boas notas, você precisa ser o melhor em TUDO, e ainda ter algum diferencial que faça a universidade te escolher, ao invés dos outros candidatos. Não acho que o vestibular ser a única coisa que decide se você entra ou na universidade seja ideal, mas o sistema que a gente vê em filmes, séries e livros é muito pesado.
A história traz a pressão de estar no topo e se manter lá. Ariel vai aos poucos perdendo o controle, dormindo menos, deixando de comer, para ter tempo de estudar, fazer as tarefas de casa, ensaiar o violino. Adicionar um namorado a isso é a última gota, pois Ariel não tem um segundo para si mesmo.
Sério, o garoto esquece de comer, dorme tipo duas horas por noite, está com os dedos sangrando de tanto ensaiar, mas a exaustão só faz com que seu rendimento caia ainda mais. Ninguém parece perceber o que está acontecendo, e Ariel não quer contar a ninguém, pois não quer decepcionar seus pais e professores.
Amir é o único que sabe, por ter ajudado Ariel em cálculo. Ele ama fotografia, mas o que quer mesmo é fazer medicina. Da mesma forma que Ariel sente pressão quando seus pais falam de Harvard, Amir sente pressão quando seus pais falam sobre seu futuro como fotógrafo.
Religião tem grande peso na vida de Ariel. Ele gosta de participar das atividades da sinagoga e sua rabina é uma das pessoas que nota que ele não está bem. Isso não interfere no relacionamento de Ariel e Amir, mesmo sendo de religiões diferentes - judeu e muçulmano -, e seus pais e irmãs mais novas são amigos próximos.
Eu gostei como é discutido que faculdade não é para todo mundo. Entre os personagens secundários, alguns estão adorando a experiência universitária e alguns não se sentem nada bem. Ariel passa a pensar o que realmente quer fazer em Harvard, o motivo de querer tanto entrar nessa universidade, e se vale a pena abrir mão de seu bem estar para isso.
Além do bem estar, Ariel também se vê perdendo contato com sua família e seus amigos, furando compromissos, fazendo promessas que não lembra depois para cumprir. Ele está tão focado em suas tarefas que não percebe como isso afeta sua vida e das pessoas ao seu redor.
O romance fica em segundo plano, pois a história é mais sobre Ariel superando seus problemas, mas os momentos entre os dois meninos são fofíssimos.
O livro traz uma mensagem de compreensão, sobre como as vezes nossa própria pressão e expectativa é o obstáculo no nosso caminho. Também trata de autocuidado, confiança e perdão, tanto com os outros como consigo mesmo.
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