*Resenha* I’ll Give You The Sun

Ouvi falar muito sobre esse livro antes de finalmente dar um chance e mesmo assim, quando comecei a ler, não estava gostando muito e deixei de lado. Até que peguei novamente, com outros olhos, e foi uma leitura muito boa, sensível e poética, com protagonistas muito carismáticos e ao mesmo tempo aflitos.

Os gêmeos Jude e Noah são tão diferentes como poderiam ser, mas nem sempre foi assim. Eventos traumáticos ao longo da vida foram afastando cada vez mais os irmãos, e são outros eventos que farão com que eles voltem a se unir.

A história é contada em dois pontos no tempo: Noah narra a época em que os gêmeos tinham 13/14 anos, enquanto Jude narra os acontecimentos de quando eles têm 16. Nos capítulos de Noah, ele é artístico e solitário e está se apaixonando pelo novo garoto na cidade, enquanto Jude é popular e está sempre com batom vermelho e saias curtas, beijando todos os garotos que quiser. Já nos capítulos de Jude, ela é soturna e introvertida, lutando contra seus demônios para colocar sua arte para fora, enquanto Noah é um atleta que tem uma galera barulhenta e curte pular de penhascos por diversão.

O que aconteceu para que eles mudassem tanto? Como eles podem concertar seu relacionamento? Ao longo dos dois pontos de vista, vamos descobrindo as respostas por meio dos relacionamentos com os pais, as mágoas que eles sentem um do outro, o ciúmes do talento ou da popularidade do outro. Também vamos descobrindo mistérios e segredos que fizeram com que os gêmeos odiassem a si mesmos, e portanto não conseguissem se relacionar um com o outro, não com tantas feridas entre eles.

Os pontos de vista são longos e intercalados, e me frustrou um pouco quando acabava um e o próximo era em outra época. Mas a forma como a história é costurada é muito efetiva, pois vai tornando as tensões mais intensas, as revelações mais chocantes.

Jude e Noah são personagens muito distintos entre si. Ele parece quase apagado perto da extravagância dela - em questão de voz narrativa -, mas é ele que está explodindo de cores por dentro. Noah sente tudo muito intensamente e externa isso por meio da arte, e quando ele desiste da arte, não tem como botar seus sentimentos para fora, a não ser de forma autodestrutiva. Já Jude é uma força da natureza, que destrói tudo ao seu redor para não se machucar, e depois acaba vazia. Os dois estão machucados, e não sabem como ajudar o outro sem se ajudar primeiro.

A mãe é um personagem central para a trama. O tratamento dela com o filho e a filha é muito determinante para o comportamento deles, e também afeta o relacionamento dos gêmeos com o pai. Conforme a história vai se desenrolando, vai ficando claro que as ações dela tem consequências diretas para a ruptura de Noah e Jude, e também da reunião dos dois.

É preciso estar bem consigo mesmo antes de poder ajudar outra pessoa, e as vezes a outra pessoa está passando pelo mesmo, e por isso não pôde ajudar. É necessário se perdoar pelos erros cometidos e pelo mau feitio antes que seja possível perdoar outros e pedir perdão.

Foi um livro que eu deveria ter lido antes, mas acho que acabei pegando no momento certo. A sensibilidade da história, a forma como se desenvolve, os aprendizados que os personagens colecionam ao longo da jornada foram muito validos.

No Brasil, o livro de Jandy Nelson foi lançado pela Novo Conceito com o título de Eu Te Darei O Sol.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

*Resenha* Carrossel Sombrio e Outras Histórias

*Resenha* Surrender Your Sons

*Resenha* Até o Fim do Mundo