*Resenha* Eliza and her Monsters
Eliza é a criadora da superpopular web-comic Monstrous Sea. Na internet, ela é conhecida como a misteriosa LadyConstellation e interage com o – crescente – fandom com frequência, mas na vida real ela é tímida e solitária. Ninguém sabe que ela é a artista por trás da web-comic além de seus pais e irmãos, que não têm muita noção da fama de Monstrous Sea nem de quanto Eliza precisa trabalhar para manter o interesse dos fãs. Eliza então conhece um aluno novo que, por incrível que pareça, não só é fã de Monstrous Sea como é o escritor de fanfiction mais popular do fandom. Com medo da reação de Wallace, ela não conta sua verdadeira identidade, deixando-o pensar que ela é apenas outra fanartist, e eles constroem uma amizade em torno da paixão mútua pela web-comic. Mas os dois mundos de Eliza estão prestes a colidir, e ela não sabe se conseguirá lidar com as consequências.
O livro é contado pelo ponto de vista de Eliza, então a visão do fandom é meio que de fora, já que ela é a criadora da mídia que os fãs adoram. Ela teme decepcioná-los, pois sabe que eles são responsáveis pelo sucesso da web-comic, assim como por todo o dinheiro que ela ganhou com Monstrous Sea – ela tem dinheiro o suficiente para pagar pela faculdade, mas nunca disse isso para ninguém.
Quando Eliza começa a ficar amiga de Wallace, ela começa a ver o lado dos fãs. Wallace tem tudo para ser um garoto popular, mas ele raramente fala e parece se encolher cada vez que alguém chega perto. A web-comic e o fandom o faz sentir seguro, fez com que ele conhecesse pessoas com quem se identifica e que gostam das mesmas coisas que ele. O fandom é uma comunidade, afinal.
Eliza nunca tinha pensado nisso. Ela aprendeu a temer os comentários negativos e as reações às suas atualizações programadas, pois é impossível agradar todo mundo.
Eu sigo algumas web-comics e sei da expectativa de esperar uma atualização, e foi bem legal ver o lado do artista, o trabalho duro para criar tudo aquilo, os bloqueios criativos, os dias ruins, a vida que às vezes entra no meio, e como nós, fãs, temos que levar em consideração que criadores de conteúdo são seres humanos também, que artistas e escritores, principalmente independentes, muitas vezes adolescentes e jovens adultos, merecem nossa compreensão.
Compreensão essa que muitas vezes temos pelos fanartists e escritores de fanfics nos fandoms, mas não temos com os artistas que deram origem ao fandom – como é o caso de Eliza, que vê como os fãs apoiam uns aos outros quando acham que ela é um dele, ao mesmo tempo que reclamam da LadyConstellation quando algo na história não os agrada.
O livro lida, principalmente, com saúde mental, com Eliza e Wallace enfrentando depressão e estresse pós traumático. Tem, inclusive, um momento meio meta em que Wallace diz que livros sobre saúde mental normalmente são dramas e acabam com o protagonista decidindo se deve ou não cometer suicídio, e sobre como é diferente encontrar histórias que lidem com esse assunto de forma criativa, como a série de fantasia que Eliza adora e apresenta a Wallace.
O relacionamento de Eliza com a família é muito importante para a trama. Ela se sente uma estranha em casa, uma vez que seus pais e irmãos são atléticos e ativos, e ela prefere se concentrar em sua arte. Seus pais a incentivam, mas não fazem um esforço real para entender que não é apenas um hobby, e estão sempre reclamando que ela fica demais no computador e que precisa fazer amigos. Eliza insiste que seus amigos estão online e que seu trabalho é no computador. Sully e Church, os irmãos mais novos de Eliza, são personagens que eu gostei muito e que seria legal ter explorado mais.
O livro ainda não foi lançado no Brasil, mas o outro da autora Francesca Zappia, Inventei Você?, foi publicado pela Editora Verus, e está disponível no Kindle Unlimited.
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