*Resenha* Verona Comics

Nem sei por onde começar com esse livro! Adorei Hot Dog Girl, primeiro livro da autora Jennifer Dugan, e amei ainda mais Verona Comics.

Um romance no estilo Romeu e Julieta contemporâneo, com direito a famílias rivais, bailes de máscaras, identidades secretas e muitas interações fofas. Só que ao invés de suicídio mútuo no final, os dois buscam se tornar pessoas melhores para si mesmos e para os outros. Também traz uma abordagem incrível sobre saúde mental, sensível e ao mesmo tempo muito real.

Jubilee e Ridley se conhecem em um baile de máscaras em uma convenção de cultura pop, e logo de cara sentem uma conexão. Eles não contam suas verdadeiras identidades e passam a ter uma amizade virtual quando seguem seus caminhos. Então Ridley descobre que Jubilee é enteada de Vera, a maior rival de seu pai, um homem que só liga para o negócio da família - uma cadeia de lojas e editoras de quadrinhos - e não tem interesse nenhum pelo filho. Ridley decide que a melhor forma de conseguir a atenção do pai é se infiltrar na vida de Jubilee e descobrir os podres de Vera, para que ela aceite vender seu patrimônio.

Não há como dizer o quanto amei Ridley. Passei o livro todo querendo colocá-lo no bolso e protegê-lo do mundo. Ele é um nerd gentil que passou por uns maus bocados com os pais que não estão nem aí para sua depressão e um romance anterior que o deixou de coração partido. Ele toma algumas decisões ruins, mas dá para entender seus motivos. A ansiedade dele chega a ser debilitante, a ponto de provocar ataques de pânico, e a depressão dele é extrema, com pensamentos de suicídio - ele inclusive já teve uma tentativa. Sua irmã Grayson é a única que se preocupa com ele, mas ela é bastante ocupada e Ridley sempre acha que a está incomodando. Pobre bebê :(

Jubilee é meio que o oposto. Obstinada a ponto de obsessão, ela está determinada a entrar em um curso de verão disputadíssimo e passa o tempo todo praticando violoncelo. Sua mãe e a esposa dela, Vera, são super carinhosa e às vezes até protetoras demais. Suas amigas a apoiam e tentam fazê-la sair da zona de conforto, e sempre estão ao seu lado.

Enquanto os dois seguem com seu relacionamento on-line sem saber quem são na vida real - ou melhor, Jubilee não sabe quem “Bats” realmente é - Ridley começa a frequentar a loja de quadrinhos de Vera, Verona Comics, para espionar para seu pai. Ele se sente mal o tempo todo, especialmente porque Vera é gentil e atenciosa, e Jubilee trabalha na loja. Jubilee se sente dividida entre seus sentimentos por Bats e por Ridley, que em contrapartida se tortura com os segredos que é o obrigado a guardar.

Ridley é muito solitário, e Jubilee sente que pode ajudar. Ela é ótima em lidar com a ansiedade dele, já tendo passado por episódios próprios, e se sente confortável com ele. Quem não gosta muito do espaço que Ridley toma na vida de Jubilee é melhor amiga dela, Jayla, que tem uma certa razão em se preocupar com a crescente conexão deles.

Todos os relacionamentos são bem estruturados, a família e amigos unidos de Jubilee, os pais ausentes e péssimos de Ridley, a irmã Grayson fazendo o que ela acredita ser o melhor, e o romance entre os dois protagonistas. Os dois vão se revelando conforme se conhecem, e percebem verdades sobre si mesmos também.

O livro traz muito a mensagem de que é necessário estar bem consigo mesmo para que possamos ser bons amigos e parceiros, o que eu acredito muito. Jubilee é muito centrada e tenta fazer o melhor para ajudar Ridley, mas precisa pensar em si mesma, e não pode desistir de seus sonhos e objetivos. Ridley sabe que não está bem psicologicamente, e seu receio de se abrir sobre o que realmente pensa o arrasta cada vez mais para baixo. A partir do momento em que eles admitem que é necessário cuidar de si mesmos, eles começam a melhorar.

A escrita é muito sensível, algumas partes partiram meu coração, outras me fizeram querer bater em alguém - estou olhando para você, Mark Everlasting -, e mesmo assim consegue ser divertida, otimista e verdadeira. E, claro, uma boa dose de representatividade LGBT! 

Espero que seja publicado no Brasil em breve, assim como Hot Dog Girl, que é uma história hilária e fofíssima também.

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