*Resenha* You Should See Me In A Crown

Esse foi um dos melhores livros que que li esse ano. A história é cativante, a protagonista é maravilhosa e a autora estreante Leah Johnson é uma fofa.

Liz Lightly sempre esteve no plano de fundo. Ela tem notas boas, um lugar na orquestra da escola, mas nunca foi popular. Quando o pedido de auxílio financeiro para faculdade é recusado, sua última opção é concorrer e ganhar a coroa de rainha do baile de formatura, já que o rei e rainha levam também uma bolsa de estudos. Agora Liz não só precisa sair das sombras, como tem que se destacar, ser a garota mais popular da escola. O que não é tão simples, principalmente quando uma outra candidata a rainha tira todo o foco de Liz.

A escola onde Liz estuda dá MUITA importância a essa história de “prom” e o rei e rainha do baile. É uma tradição muito estadunidense que nós estamos acostumados a ver em filmes e séries, mas mesmo assim eu ainda acho algo muito estranho. Nesse caso, há várias etapas e tarefas que os candidatos devem cumprir, como horas de serviço comunitário, eventos beneficentes, e tudo é documentado e postado na internet, como um reality show.

Sendo assim, Liz e suas amigas desenvolvem um plano para se certificar de que ela esteja sempre nos lugares certos, vestindo as roupas certas, com a atitude certa. Liz não se sente muito confortável em mudar seu guarda-roupa para se encaixar no papel de rainha do baile, especialmente por ser a única candidata negra.

O livro levanta questões sobre padrões de beleza e como nós estamos acostumados a ver beleza. Não só isso, mas como pessoas negras sente-se obrigadas a mudarem seus visuais para se encaixar nesse padrão, para ser levadas a sério, para ser vistas como iguais.

Além disso, Liz gosta de meninas e, apesar de não ser totalmente aberta sobre isso, também não esconde. Sua amiga acha que isso não é um ponto positivo em favor de Liz, e diz que não será possível ganhar a votação se ela estiver envolvida com Mack, a garota nova e concorrente à rainha.

Todos esses pontos validam o que Liz descobriu no começo do ensino médio: que sua negritude a torna diferente, e diferente não é bom.

O livro desconstrói esses conceitos nocivos e torna Liz orgulhosa de si mesma, de ser negra, lésbica, de não se encaixar no padrão de beleza branco hétero que o concurso do baile sempre coroou.

Os relacionamentos são bem construídos, tanto familiares quanto com os amigo, em especial Jordan, melhor amigo de infância de Liz que se afastou por pressão social. O romance entre Liz e Mack é muito fofo, super shippo.

Tem muitas outras coisas positivas no livro, mas no geral é uma história muito para cima, que dá um novo tom para narrativas de rainha do baile, e para contos de fadas também.

O livro será lançado no Brasil ainda esse ano pela editora Globo Alt.

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