*Resenha* We Unleash the Merciless Storm

Lá venho eu mais uma vez com continuações de livros que li em 2019. Eu não posso evitar ficar animada com sequências, principalmente quando os volumes anteriores têm finais tão bons quanto o de We Set the Dark on Fire.

No primeiro livro somos apresentados à Medio, uma ilha dividida entre a comunidade rica e poderosa e as pessoas que nasceram do lado de fora dos muros da cidade, que são marginalizados e vivem dificuldades. A história é narrada por Daniela Vargas, uma jovem treinada para se tornar uma das esposas de algum jovem promissor. Ela é escolhida como a Primeira de Mateo Garcia, o jovem Político mais poderoso de Medio, e como tal é seu dever manter tudo na vida do marido funcionando com eficiência. Acompanhando Dani, Carmen Santos é escolhida como a Segunda de Mateo, e é seu dever gerar e criar os herdeiros do Político, assim como mantê-lo feliz no casamento. De início, Dani e Carmen são rivais, mas logo percebem que o real inimigo é o cruel Mateo e a sociedade opressora de Medio, e acabam vivendo um romance que pode as colocar em risco, já que Dani anda se comunicando com alguém do grupo revolucionário La Voz.

Sinopse:

“Ser parte do grupo da resistência La Voz é um ato de devoção e desepero. Do outro lado do muro que divide Medio, a classe oprimida luta por liberdade, sacrificando o pouco que têm para se tornarem defensores da causa.

Carmen Santos é uma das melhores soldados de La Voz. Ela passou anos infiltrada, mas agora, com sua identidade exposta e a ilha na beira de uma guerra civil, Carmen retorna para o único lar que já conheceu: o quartel general de La Voz.

Lá ela deve se reconectar com seu amado líder, que está sob a influencia de um agressivo novo recruta, e lidar com a notícia devastadora de que seu amor verdadeiro pode ser o alvo de um plano de assassinato. Será que Carmen irá abandonar sua comunidade e salvar a garota que roubou seu coração - ou irá se tornar a rebelde implacável que sempre deveria ser?”

O segundo volume se inicia exatamente onde o anterior termina, com Dani descobrindo que Carmen era membro de La Voz e esteve infiltrada o tempo todo, tentando colher informações e derrubar o sistema por dentro. Dessa vez, é Carmen quem narra a história, e conhecemos mais sobre o lado oprimido de Medio e as pessoas que lutam na revolução. Novamente temos lendas e folclores que fazem alegoria à construção da sociedade da ilha.

Confesso que eu esperava um pouco mais e, por mais que eu tenha gostado muito de ver o lado de Carmen e de La Voz, senti que ficou um pouco desconectado do primeiro livro. Como WSTDOF é narrado por Dani, a conhecemos profundamente, seus pensamentos, medos, sentimentos, sua confusão sobre em quem confiar, como navegar a casa dos Garcia e lidar com suas sogras e com seu marido, que não é exatamente uma pessoa muito estável e confiável – além do fato de ela ter sido praticamente comprada pela família e que qualquer errinho pode lhe custar bem caro. Em WUTMS, demora muito para sabermos o que aconteceu com Dani, já que Carmen não tem notícias dela, e passamos um longo período sendo apresentados à La Voz e seus integrantes. Dessa forma, as consequências dos acontecimentos do livro anterior não são diretas, uma vez que não acompanhamos Dani ou Mateo e, se Dani não estivesse em perigo, nem afetariam La Voz tanto assim.

Eu já tinha gostado muito de Carmen durante o primeiro livro, e a narração dela aqui me fez gostar ainda mais. Apesar de se sentir dividida e deslocada, com dúvidas e medo, Carmen é muito decidida e não tem medo de tomar atitudes, nem de enfrentar quem quer que seja para atingir seus objetivos. Além disso, agora que não está mais no papel de Segunda, ela não precisa ser sedutora e perfeita o tempo todo, mas tem a liberdade de ser a guerreira que foi treinada para ser – ela sente falta, porém, dos vestidos brilhantes, do cabelo limpo e penteado, das unhas feitas, o que nem sempre é visto em personagens femininas que são lutadoras, e eu gosto muito de ela não ser uma ou outra, mas as duas, feminina e durona. Seu amor por Dani não vacila em momento nenhum, mesmo tendo que mentir para todos ao seu redor sobre seus sentimentos. O carinho que ela sente por EL Buitre, o líder da revolução, é o de uma filha para seu pai, e a relação de irmandade que ela tenta reconquistar com Alex e Sota falam muito sobre a personagem. 

Não gostei muito do novo “vilão” introduzido em La Voz, o jovem recruta Ari. Depois de um livro inteiro aprendendo que Mateo é o inimigo, encontrar a revolução sendo envenenada de dentro por mais um moleque ganancioso foi meio decepcionante. Porém, a resolução foi incrível! Uma cena maravilhosa com Carmen, Dani, Alex e Yasmin que me fez sorrir de orelha a orelha.

O final foi um tanto corrido. Achei que acabou meio que do nada. Um final aberto pode ser bom se houver uma continuação, o que não é o caso, então só sobraram várias perguntas. Houve toda aquela luta e revolução, anos e anos de planos e trabalhos infiltrados, espiões e sacrifícios, mas o que de fato mudou na sociedade? Como Medio se tornará um lugar melhor para todos? Nada disso foi respondido, apesar do final ser esperançoso.

A escrita de Tehlor Kay Mejia é ótima, e essa duologia mostrou bem as diferentes vozes das duas personagens principais. Gostaria de ler mais sobre Medio, talvez alguns contos sobre como a sociedade conseguiu evoluir, com Mateo usando um tapa-olho e fazendo cara feia enquanto tudo que o ele construiu é desmantelado na frente dele. 

Uma ótima leitura quem gosta de história como O Conto da Aia.

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