*Resenha* Não Conte Nosso Segredo

Em uma tentativa de encontrar novos audiolivros em inglês, decidi experimentar o Audible Escape, uma assinatura da Amazon que permite “pegar emprestado” até dez livros de uma vez, e tem como foco livros românticos, desde histórias “água-com-açúcar” até as mais picantes. O valor da assinatura é US$6.95, e o primeiro mês é gratuito, sendo possível cancelar a qualquer momento.

Eu encontrei vários títulos interessantes, inclusive alguns que eu adoro, como Geekerela, Openly Straight (no Brasil publicado com o título de Apenas Um Garoto) e Garoto Encontra Garoto, e acabei me deparando com Keeping You a Secret, de Julie Anne Peters, que foi lançado no Brasil pela Hoo Editora e está disponível gratuitamente no Kindle Unlimited.

Sinopse:

“Com o namorado dos sonhos, o cargo de Presidente do Conselho Estudantil e a chance de ir para uma Universidade de Ivy League, a vida não poderia estar mais perfeita para Holland Jaeger. Ao menos, é o que parece. Até que Ceci Goddard chega na escola e muda tudo. Ceci e Holland têm sentimentos que não conseguem esconder, mas como todos ao redor vão lidar com este novo romance? Entre intrigas, preconceitos e a não aceitação dos pais, Ceci e Holland lutam para manter-se juntas, mas o amor delas pode não ser tão forte quanto as críticas da sociedade…Não conte nosso segredo é o primeiro livro da autora Best-seller no New York Times, que promete emocionar leitores de todas as idades e gêneros.”

A história segue Holland, que tem o que parece ser a vida perfeita. Um namorado que a ama, amigas leais, um caminho direto para uma universidade de ponta, mas se sente completamente infeliz e sem escolhas. Tudo muda quando ela conhece Ceci, aluna nova abertamente lésbica de quem Holland não consegue tirar os olhos. Mas para ficar com Ceci, Holland deve ir contra as expectativas dos outros, e arriscar seu mundinho perfeito.

Holland é uma ótima protagonista. É possível entender o que ela está passando, com suas dúvidas sobre universidade e carreira que a mãe joga nela, com o namorado que parece só parecer para transar, e o distanciamento das amigas. Ao perceber seus sentimentos por Ceci, ela começa a ver com outros olhos várias interações que ela teve ao longo da vida e descobre seu interesse por garotas sempre esteve presente. Ela está pronta para pular de cabeça em um relacionamento com Ceci, mas não parece ter consciência de que namorar uma garota pode ser diferente de namorar um garoto nos olhos dos outros.

É Ceci que pede que mantenham segredo. Apesar de ser abertamente lésbica, ela tem medo do preconceito que Holland sofreria se tornassem o relacionamento público, o que é compreensível, pois ela própria já sofreu atentados homofóbicos na escola. As reais razões dela, na verdade, são bem egoístas, na minha opinião, e a falta de comunicação com Holland sobre seus motivos para esconder o namoro acaba causando problemas, inclusive uma super dependência por parte de Holland, que em vários momentos teme que não teria nada se Ceci resolvesse terminar, e não consegue visualizar a vida sem a namorada.

A mãe de Holland é peça chave na história. Mãe adolescente que os pais expulsaram de casa, ela quer que Holland tenha todas as oportunidades que ela não teve, e faz questão de jogar isso na cara da filha várias vezes. Ela é invasiva e perturba Holland sobre notas, inscrições para universidade e namoro, sem deixar espaço para conversa, são apenas ordens que a filha deve seguir. Agir de qualquer outra forma é inaceitável na visão dela, e isso traz muitos conflitos entre as duas.

Holland passa por uma jornada de auto descoberta, com novos horizontes sobre o futuro, de formas que ela nunca imaginara antes. Ela encontra pessoas que a amam e aceitam como ela é, a ajudam a pensar no que ela realmente gosta e como quer viver sua vida, um verdadeiro sistema de apoio, o que ela não tinha antes. Ela se liberta de pessoas tóxicas que não conseguem aceitar que ela está feliz, que ela pode ser feliz amando uma garota. 

É uma história muito verdadeira e que fala com muitas pessoas que passaram pelas mesmas situações, explora momentos difíceis, mas traz empatia e esperança.