*Resenha* Royals

Eu conheci o universo da realeza escocesa criado por Rachel Hawkins pelo segundo livro da série, Her Royal Highness. Sempre em busca de novas histórias LGBT, encontrei essa em formato de áudio livro e fiquei interessada na narrativa de uma jovem americana que é aceita em um exclusivo internato na Escócia e logo de cara cria uma rixa com a princesa do país. Só fui descobrir que havia um livro que se passava antes lá no meio, mas soube que precisava ler.

Sinopse:

“Conheça Daisy Winters. Ela tem 16 anos, cabelo vermelho como o da sereia e uma irmã mais velha perfeita que acabou de ficar noiva com Príncipe Herdeiro da Escócia. Sim, um príncipe da vida real! Daisy não tem nenhum desejo de viver sob holofotes, mas os incansáveis tabloides a forçam a se juntar a Ellie na relativa privacidade do castelo do outro lado do oceano. Se esconder dos flashes se torna ainda mais divertido com a presença do charmoso Miles, que tenta ensinar a Daisy as manhas de ser realeza. Mas com um escândalo cerca a família real durante os eventos pré casamento real, será que Daisy consegue reescrever o livro de regras para se encaixar a ela?”

A história segue a americana Daisy navegando o mundo de fofocas e falsidades da realeza escocesa quando sua irmã mais velha anuncia o noivado com o príncipe herdeiro. Os tabloides estão sempre atrás de escândalos, e após uma reportagem mentirosa sobre Daisy, fica decidido que ela deverá passar o verão junto da irmã, e consequentemente com a família real, para evitar situações que a família não possa controlar. Ela então é basicamente obrigada a iniciar um namoro falso com um garoto da corte, Miles, criando situações em que eles pudessem ser fotografados, para acabar com rumores de que Daisy estava atrás do príncipe Sebastian, irmão mais novo do príncipe herdeiro.

A trama conta muito sobre o relacionamento complicado de Daisy e Ellie, sua irmã. As duas parecem estar sempre uma contra a outra, a normalidade libertadora de Daisy contra a perfeição engessada de Ellie, e é interessante a forma como elas eventualmente percebem que não precisam ser inimigas, e sim podem se apoiar nos momentos difíceis. Apesar da fachada de princesa, a situação de Ellie não é fácil, e as dificuldade que vêm com um casamento são exponencialmente maiores quando seu noivo é um futuro rei.

Os pais de Daisy e Ellie também são importantes. Eu adorei como Liam, o pai, é um antigo músico de sucesso e está sempre fazendo comentários inoportunos e hilários. Por outro lado, a família real está presente mais em Sebastian, que está sempre causando problemas e escândalos, mas se torna um hesitante amigo de Daisy. Phillip, o noivo de Ellie, aparece apenas em pequenas cenas, sempre carinhoso e apoiando a noiva, e a rainha Clara faz umas aparições basicamente para dizer como está insatisfeita como toda a situação.

Apesar da protagonista de Royals, que mais tarde foi relançado como Prince Charming, não ser LGBT, há alguns personagens que são, como a princesa Flora, que é o interesse romântico e personagem título de Her Royal Highness. Flora é irmã gêmea de Sebastian e cria uma amizade com Daisy.

Miles é o interesse romântico. Um dos “Royal Wreckers” – algo como destruidores reais, em tradução livre, -, Miles aparenta ser um arrogante amigo de Sebastian, e é encarregado de ensinar Daisy as regras e a se comportar. A história dele é bem interessante e eu gostaria que tivesse sido mais explorada. De qualquer forma, a química entre o casal é adorável. 

O tema desse livro, apesar de não ser o principal, me remete ao que aconteceu com a Pippa Middleton na época do casamento real de William e Kate, e o tratamento que os tabloides britânicos deram às duas e à Meghan Markle mais recentemente, ou mesmo o que aconteceu com a princesa Diana antes delas. Mostra um sensacionalismo extremo, invasão de privacidade e acima de tudo falta de compaixão de uma imprensa que não vê a família real como pessoas de verdade. Além disso, como as expectativas e tradições são cruéis com todos envolvidos, seja quem já nasceu nesse meio ou pessoas novas – fazendo um paralelo ao príncipe Harry, que nasceu e cresceu nesse mundo, e Meghan Markle, que entrou nesse mesmo lugar tóxico e inseguro, a ponto de que eles decidiram não fazer mais parte.

O livro é mais um romance e foca mais nos relacionamentos de Daisy com sua família e amigos do que de fato no tratamento da mídia sobre a família real, mas não pude não relacionar com acontecimentos reais mais sérios. 

Acho que nesse ponto de romance, eu gostei mais do romance do segundo livro, que traz uma trama de rivais para amantes, e a visão de alguém que de fato se relaciona com um membro da realeza. Em relação à história em geral, acho que Royals foi mais bem desenvolvido, com mais desenvolvimentos dos personagens e relacionamentos.

De qualquer forma, os dois livros são leituras que valem a pena, e eu adoraria ler algo centrado em Sebastian também, já que seu irmão e irmã encontraram o amor, é a vez dele!