*Resenha* Arc of a Scythe
Fazer uma resenha só para essa trilogia é quase criminoso. Os três livros são tão distintos entre si, apesar de serem uma história linear, que não consigo falar da série como um todo sem especificar algumas coisas sobre cada um deles. Vou tentar mesmo assim.
Já tinha visto muita gente falando sobre o primeiro livro, O Ceifador, e, apesar da sinopse ser bem instigante, não me fez correr loucamente atrás da leitura. Ah, mas como eu estava errada.
Sinopse do primeiro volume:
“A humanidade venceu todas as barreiras: fome, doenças, guerras, miséria… Até mesmo a morte. Agora os ceifadores são os únicos que podem pôr fim a uma vida, impedindo que o crescimento populacional vá além do limite e a Terra deixe de comportar a população por toda a eternidade.
Citra e Rowan são adolescentes escolhidos como aprendizes de ceifador - um papel que nenhum dos dois quer desempenhar. Para receberem o anel e o manto da Ceifa, os adolescentes precisam dominar a "arte" da coleta, ou seja, precisam aprender a matar. Porém, se falharem em sua missão - ou se a cumplicidade no treinamento se tornar algo mais -, podem colocar a própria vida em risco.”
Acompanhei o primeiro volume em audiobook. Nele conhecemos um pouco sobre a utopia que a humanidade alcançou, e sobre o único grupo que está acima de todos, a Ceifa, que é a organização formada por pessoas que são treinadas e habilitadas para ceifar, ou seja, matar. A sociedade entende que, como os recursos da Terra são finitos, controle populacional é imprescindível, portanto os Ceifadores são não só aceitos, mas reverenciados, tratados como realeza.
Ao longo do livro, vemos os funcionamentos da Ceifa através dos olhos de Citra Terranova e Rowan Damish, dois aprendizes a Ceifadores que não estão muito à vontade com o trabalho. Eles foram escolhidos pelo sábio Ceifador Faraday, a quem eles aprendem a respeitar pela compaixão com que exerce sua função, por mais “sombria” que seja.
A Ceifa, porém, é uma organização cheia de burocracia e regras, algumas delas fáceis de serem contornadas, e é dividida, não oficialmente, entre duas facções que discordam sobre como lidar com o trabalho. A “Velha Guarda” defende os princípios dos fundadores, que incluem uma vida simples e sem luxos, não ter preconceitos nem crenças pessoas na hora de decidir quais pessoas ceifar, ter compaixão e humildade. Já a “Nova Ordem”, prega que os Ceifadores devem fazer o que quiserem, pois são claramente os membros mais importantes da sociedade, e devem levar uma vida que condiz com esse poder.
O segundo volume, chamado A Nuvem, abre novas portas. Trazendo pontos de vista da entidade artificial toda poderosa que tem a função de manter tudo em ordem, o livro se aprofunda em como a sociedade de fato funciona, além da Ceifa. Conhecemos também uma organização “religiosa”, os Tonistas, que é contra à Nuvem e à Ceifa, e prega o retorno à era da mortalidade. Nessa segunda parte, continuamos a seguir Citra e Rowan, que seguiram caminhos diferentes após o final do treinamento, e estão fazendo o que acreditam ser correto. Conhecemos também o terceiro protagonista da série, Greyson Tolliver, que é recrutado pela Nuvem para se tornar um infiltrado e descobrir possíveis ameaças à Ceifa, uma vez que a Nuvem não pode interferir em assuntos da organização.
O terceiro e último volume, The Toll (ainda sem nome em português) se passa três anos após o final do anterior, mas conta com uma narrativa não linear, indo e vindo para mostrar diversos pontos de vista. Eu fiquei um pouco confusa em alguns momentos, mas não foi nada que impediu meu entendimento geral da história.
A Nuvem decidiu que a humanidade não é digna de seus esforços após as ações do livro anterior, e cortou a comunicação com todos, a não ser Greyson Tolliver. Como as pessoas estavam acostumadas a depender da entidade artificial para tudo, muito sentem que ficaram sem direção, e Greyson se torna uma espécie de profeta, The Toll, com a ajuda de Tonistas. A Ceifa passou por muitas mudanças ao longo desse período, as diferenças entre Velha Guarda e Nova Ordem se tornam insuportáveis, mas ninguém quer abrir mão de qualquer controle.
Conhecemos as Ceifas de outras regiões e como elas decidiram agir em tempos tão complicados, além de um grande movimento tonista violento que ameaça a supremacia da Ceifa. Vemos também o grande plano da Nuvem para a humanidade, e muitos segredos chocantes revelados.
São tantas reviravoltas que eu até fiquei tonta, mas é legal ver como tudo vai se encaixando, os personagens convergindo. Esse livro traz vários pontos de vista, e admito que eu senti um pouco de falta da Citra e do Rowan, que, apesar de serem essenciais para o decorrer dos eventos, ficam um pouco apagados em meio a tantos outros personagens e suas perspectivas. Porém, alguns dos personagens são maravilhosos, como Jerico “Jeri” Soberanis, personagem de gênero fluído que nasceu em uma região em que todas as crianças não têm gênero definido até terem idade para escolher seu rótulo ou não; Ceifador Jim Morrison, que sempre pareceu em cima do muro quanto à política da Ceifa e precisa tomar decisões importantes; e Ceifadora Ayn Rand, a pragmática e cruel mão direita do líder da Nova Ordem, que está começando a se perguntar se tudo vale a pena.
Cada livro dessa trilogia traz reviravoltas inesperadas, revelações surpreendentes e ganchos no final que me fizeram correr para ler o próximo. Eles crescem em complexidade exponencialmente, sendo o primeiro mais simples, como uma única história linear direcionada – apesar dos dois pontos de vista -, o segundo com mais enredos distintos, e o terceiro com várias tramas paralelas – e tempos – e não parecem se conectar – algumas até me irritaram um pouco - até que se juntam e tudo faz sentido. Por conta dessas múltiplas tramas, cada personagem fica com pouco tempo ponto de vista, e isso me frustrou um pouco, já que uma trama que estava muito incrível era cortada após o final do ponto de vista e aí só voltava depois de vários outros. Isso deixou a história um pouco dispersa, na minha opinião, e gostaria que tivesse sido mais longa – apesar do livro já ser gigante, talvez fosse necessário mais um volume para dar a todos os personagens tempo de brilhar.
Nunca tinha lido nada do Neal Schusterman, mas com certeza lerei, e ele se tornou o rei dos plot twists para mim. No Brasil, os dois primeiros volumes foram lançados pela editora Seguinte, e o terceiro, publicado em 2019 nos EUA, tem previsão de lançamento aqui ainda este ano.
Já tinha visto muita gente falando sobre o primeiro livro, O Ceifador, e, apesar da sinopse ser bem instigante, não me fez correr loucamente atrás da leitura. Ah, mas como eu estava errada.
Sinopse do primeiro volume:
“A humanidade venceu todas as barreiras: fome, doenças, guerras, miséria… Até mesmo a morte. Agora os ceifadores são os únicos que podem pôr fim a uma vida, impedindo que o crescimento populacional vá além do limite e a Terra deixe de comportar a população por toda a eternidade.
Citra e Rowan são adolescentes escolhidos como aprendizes de ceifador - um papel que nenhum dos dois quer desempenhar. Para receberem o anel e o manto da Ceifa, os adolescentes precisam dominar a "arte" da coleta, ou seja, precisam aprender a matar. Porém, se falharem em sua missão - ou se a cumplicidade no treinamento se tornar algo mais -, podem colocar a própria vida em risco.”
Acompanhei o primeiro volume em audiobook. Nele conhecemos um pouco sobre a utopia que a humanidade alcançou, e sobre o único grupo que está acima de todos, a Ceifa, que é a organização formada por pessoas que são treinadas e habilitadas para ceifar, ou seja, matar. A sociedade entende que, como os recursos da Terra são finitos, controle populacional é imprescindível, portanto os Ceifadores são não só aceitos, mas reverenciados, tratados como realeza.
Ao longo do livro, vemos os funcionamentos da Ceifa através dos olhos de Citra Terranova e Rowan Damish, dois aprendizes a Ceifadores que não estão muito à vontade com o trabalho. Eles foram escolhidos pelo sábio Ceifador Faraday, a quem eles aprendem a respeitar pela compaixão com que exerce sua função, por mais “sombria” que seja.
A Ceifa, porém, é uma organização cheia de burocracia e regras, algumas delas fáceis de serem contornadas, e é dividida, não oficialmente, entre duas facções que discordam sobre como lidar com o trabalho. A “Velha Guarda” defende os princípios dos fundadores, que incluem uma vida simples e sem luxos, não ter preconceitos nem crenças pessoas na hora de decidir quais pessoas ceifar, ter compaixão e humildade. Já a “Nova Ordem”, prega que os Ceifadores devem fazer o que quiserem, pois são claramente os membros mais importantes da sociedade, e devem levar uma vida que condiz com esse poder.
O segundo volume, chamado A Nuvem, abre novas portas. Trazendo pontos de vista da entidade artificial toda poderosa que tem a função de manter tudo em ordem, o livro se aprofunda em como a sociedade de fato funciona, além da Ceifa. Conhecemos também uma organização “religiosa”, os Tonistas, que é contra à Nuvem e à Ceifa, e prega o retorno à era da mortalidade. Nessa segunda parte, continuamos a seguir Citra e Rowan, que seguiram caminhos diferentes após o final do treinamento, e estão fazendo o que acreditam ser correto. Conhecemos também o terceiro protagonista da série, Greyson Tolliver, que é recrutado pela Nuvem para se tornar um infiltrado e descobrir possíveis ameaças à Ceifa, uma vez que a Nuvem não pode interferir em assuntos da organização.
O terceiro e último volume, The Toll (ainda sem nome em português) se passa três anos após o final do anterior, mas conta com uma narrativa não linear, indo e vindo para mostrar diversos pontos de vista. Eu fiquei um pouco confusa em alguns momentos, mas não foi nada que impediu meu entendimento geral da história.
A Nuvem decidiu que a humanidade não é digna de seus esforços após as ações do livro anterior, e cortou a comunicação com todos, a não ser Greyson Tolliver. Como as pessoas estavam acostumadas a depender da entidade artificial para tudo, muito sentem que ficaram sem direção, e Greyson se torna uma espécie de profeta, The Toll, com a ajuda de Tonistas. A Ceifa passou por muitas mudanças ao longo desse período, as diferenças entre Velha Guarda e Nova Ordem se tornam insuportáveis, mas ninguém quer abrir mão de qualquer controle.
Conhecemos as Ceifas de outras regiões e como elas decidiram agir em tempos tão complicados, além de um grande movimento tonista violento que ameaça a supremacia da Ceifa. Vemos também o grande plano da Nuvem para a humanidade, e muitos segredos chocantes revelados.
São tantas reviravoltas que eu até fiquei tonta, mas é legal ver como tudo vai se encaixando, os personagens convergindo. Esse livro traz vários pontos de vista, e admito que eu senti um pouco de falta da Citra e do Rowan, que, apesar de serem essenciais para o decorrer dos eventos, ficam um pouco apagados em meio a tantos outros personagens e suas perspectivas. Porém, alguns dos personagens são maravilhosos, como Jerico “Jeri” Soberanis, personagem de gênero fluído que nasceu em uma região em que todas as crianças não têm gênero definido até terem idade para escolher seu rótulo ou não; Ceifador Jim Morrison, que sempre pareceu em cima do muro quanto à política da Ceifa e precisa tomar decisões importantes; e Ceifadora Ayn Rand, a pragmática e cruel mão direita do líder da Nova Ordem, que está começando a se perguntar se tudo vale a pena.
Cada livro dessa trilogia traz reviravoltas inesperadas, revelações surpreendentes e ganchos no final que me fizeram correr para ler o próximo. Eles crescem em complexidade exponencialmente, sendo o primeiro mais simples, como uma única história linear direcionada – apesar dos dois pontos de vista -, o segundo com mais enredos distintos, e o terceiro com várias tramas paralelas – e tempos – e não parecem se conectar – algumas até me irritaram um pouco - até que se juntam e tudo faz sentido. Por conta dessas múltiplas tramas, cada personagem fica com pouco tempo ponto de vista, e isso me frustrou um pouco, já que uma trama que estava muito incrível era cortada após o final do ponto de vista e aí só voltava depois de vários outros. Isso deixou a história um pouco dispersa, na minha opinião, e gostaria que tivesse sido mais longa – apesar do livro já ser gigante, talvez fosse necessário mais um volume para dar a todos os personagens tempo de brilhar.
Nunca tinha lido nada do Neal Schusterman, mas com certeza lerei, e ele se tornou o rei dos plot twists para mim. No Brasil, os dois primeiros volumes foram lançados pela editora Seguinte, e o terceiro, publicado em 2019 nos EUA, tem previsão de lançamento aqui ainda este ano.
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