*Resenha* Fence: Striking Distance

Eu adoro a graphic novel Fence, escrita pela C. S. Pacat (autora da trilogia O Principe Cativo) e ilustrada pela Johanna The Mad, então não iria perder a oportunidade de ler o livro de Sarah Rees Brennan no mesmo universo. Não se trata de uma novelização da HQ, e sim uma continuação que se passa após o quarto volume da graphic novel – que eu fiz a resenha lá em agosto -, e pode ser lido como um stand alone.

Seguimos os meninos da equipe de esgrima do colégio Kings Row em uma jornada para se tornarem um time campeão, e para isso precisam aprender a trabalhar em equipe. Harvard, o capitão, está sempre disposto a ajudar todo mundo, mesmo que ele abra mão de si mesmo para isso. Aiden, o conquistador da escola, acha que seu talento para esgrima e atitude displicente são o suficiente lhe garantir um lugar ao lado de Harvard, seu melhor amigo. Nicholas, o bolsista, fará tudo para se tornar um esgrimista campeão, mas depois de se virar sozinho por tanto tempo, ele não sabe confiar nos amigos. Seiji, o garoto prodígio, sempre aprendeu que esgrima é um esporte individual e que para ser o melhor era necessário SER o melhor, e seu treinamento intenso desde criança o deixou às margens de amizades. Exercícios de confiança e projetos de trabalho em equipe se tornam maneiras para os meninos criarem laços e aprenderem mais sobre si mesmos. Se isso envolver namoros falsos, fofocas e supostos crimes, fica só entre a equipe de esgrima.

Não é só porque eu curto muito a HQ que gostei dessa leitura. A escrita é super fluida e não me fez querer parar, até por ser tão fácil de ler. Os personagens são ótimos e acho que a autora fez um trabalho incrível em traduzir o dinamismo da graphic novel para texto.

Diferentemente da HQ, em que Nicholas era o foco, dessa vez temos as vozes de quatro protagonistas, e foi bem legal ver a diferença das narrações. Não só suas personalidades, mas também suas formas de ver o mundo e interagir com ele. Principalmente com Seiji e Nicholas. A forma como eles são escritos me deixou mais convencida de que eles são neurodivergentes. Seiji estaria no espectro autista – ele é muito literal, focado ao ponto de obsessão, tem dificuldades de lidar com relações interpessoais – e Nicholas teria déficit de atenção – a mente dele está sempre pulando de um assunto ao outro, ele se distrai facilmente mas quando tem interesse em algo seu foco é quase obsessivo, ele ignora totalmente o que considera inútil (toda vez que Aiden fala perto dele, as falas aparecem como “bla, bla, bla”). 

Eu amo as interações deles, Nicholas com sua personalidade expansiva e de bem com a vida e Seiji com sua expressão séria e sem tempo para besteiras. Eles são opostos, mas se encaixam perfeitamente. A amizade deles – e a forma como eles vão descobrindo essa amizade – é muito fofa! 

Já os outros dois protagonistas ficam a parte do romance da história. Harvard nunca teve muito interesse em namorar, mas quando a treinadora o desafia a ir a um encontro, ele passa a questionar sua sexualidade e pede ajuda a seu melhor amigo. Só que Aiden não está acostumado a namorar, ele tem encontros com meninos que não lembra o nome – quando ele sai com um cara chamado Bruce e o chama de vários nomes de super-heróis -, e pode ou não estar secretamente apaixonado por Harvard. 

Os capítulos de Harvard e Aiden são cheios daqueles clichês deliciosos de comédias românticas: estar apaixonado pelo melhor amigo, não perceber que está apaixonado pelo melhor amigo, fingir que estão namorando, um achar que o outro não está interessado, não querer estragar a amizade... Quero muito ver onde isso tudo vai – não sei se no próximo volume da HQ ou no próximo livro que já foi anunciado.

Os personagens secundários têm papeis bem pequenos, tirando Eugene, o quinto membro da equipe de esgrima, que é puxado para as confusões dos colegas de equipe com sua fama de fofoqueiro e seus amigos de academia. Bobby – meu favorito – e Dante têm algumas participações fofas e engraçadas, e Jesse Coste aparece só para dar aquela vontadinha de socar a cara dele.

Foi um livro bem divertido e despretensioso, que é possível ler rapinho pois te distrai de todos os problemas do mundo e te leva para uma história simples de amizade, trabalho em equipe e romance adolescente. 

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