*Resenha* Pet

O conceito desse livro é genial e gostaria de ler muito mais sobre esse universo criado por Akwaeke Emezi. Eu achei, porém, que a execução deixou um pouco a desejar. Não sei se foi porque eu ouvi audiolivro e não curti muito a narração, mas eu queria ter gostado mais da narrativa.

Jam vive em um mundo onde não existem mais monstros. A cidade de Lucille é governada por Anjos, pessoas corajosas e bondosas que puniram os monstros de forma que não fosse possível que novos monstros surgissem. Mas se não há monstros em Lucille, por que Pet, uma criatura de outra dimensão com garras e penas e proporções absurdas, está caçando? Pet diz que o monstro está na casa de Redemption, o melhor amigo de Jam, e ela precisa lutar para manter o amigo seguro e descobrir quem é o monstro. Mas como convencer as pessoas de que algo que não deveria existir mais existe? Como identificar um monstro quando ele parece humano?

No universo do livro, monstros são pessoas que fazem coisas monstruosas. Criminosos, assassinos, estupradores, aqueles que abusam do poder, que discriminam. Mas Jam nasceu em um mundo onde esse tipo de pessoa não existe mais. Dessa forma, ninguém sabe nem o que procurar, quais sinais buscar, o que pode indicar que aquela pessoa é um monstro.

Isso nos faz questionar até que ponto os “vilões” são facilmente identificáveis no nosso mundo, e como os estereótipos podem ser nocivos. As pessoas ruins nem sempre são aqueles vilões do Batman, da mesma forma que pessoas que se encaixam perfeitamente na sociedade não são obrigatoriamente boas. O monstro pode estar por perto, pode sorrir e ser gentil com você, e mesmo assim fazer mal à outra pessoa.

Por meio dessa quase metáfora, Pet apresenta um mundo perfeito em que as pessoas sentem-se seguras e confortáveis, e estão dispostas até a ignorar sinais e pedidos de ajuda para manter essa sensação de segurança. 

Eu senti que os personagens foram um pouco rasos, mas gostei muito de Jam e de sua amizade com Redemption. Pet, o caçador de monstros, me irritou um pouco por chamar Jam de “little girl” o tempo todo. Minha parte favorita foi quando Jam e Redemption vão à biblioteca pesquisar sobre formas de identificar monstros e se surpreendem com o que encontram.

Acho que vou tentar novamente lendo ao invés de ouvir o audiolivro, pois a mensagem é incrível e o tema é super atual. Espero que seja publicado no Brasil em breve!

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