*Resenha* Beyond The Black Door

Eu estava super curiosa por esse livro da A. M. Strickland por ser uma fantasia com protagonista assexual, e não conseguia achar em formato digital em lugar nenhum, então tive que esperar ter dinheiro para comprar a edição de capa dura - que é linda, aliás.

Kamai é uma soulwalker, ela pode visitar as almas das pessoas enquanto elas dormem. Essa habilidade é muito rara e controlada pelo governo, por isso a mãe de Kamai a mantém segredo. Depois do assassinato da mãe, Kamai começa a desenrolar tramas envolvendo espiões, assassinos e o próprio rei. Além disso, ela sempre foi perseguida por uma misteriosa porta preta que aparece sempre que Kamai visitar alguma alma. Sua mãe disse para nunca abrir a porta preta, mas a tentação é grande demais.

Eu gostei muito da criatividade da história. O ato de “visitar almas” é na verdade visitar o subcontinente, o que me lembrou bastante o filme A Origem, uma vez que os soulwalkers podem descobrir segredos, implantar ideias e até mudar aspectos da personalidade de alguém, só mexendo no subcontinente. A mãe de Kamai trabalha como “artista do prazer” como fachada, já que seu trabalho real é descobrir e vender segredos de pessoas poderosas. O livro aborda um pouco o estigma de profissionais do sexo.

Kamai teme ter que seguir os passos da mãe, pois não sabe se consegue dormir com as pessoas para usar suas habilidades enquanto eles dormem. Ela questiona muito seu desejo - ou falta de desejo -, se perguntando diversas vezes se há algo de errado com ela.

A abordagem à assexualidade é muito legal. Aliás, a forma como sexualidade e identidade em geral é explorada foi muito interessante. Apesar da sociedade ser machista - por exemplo, alguém que foi designado como mulher ao nascer não pode servir na guarda real -, relacionamentos com pessoas do mesmo gênero são comuns, o próprio rei tem preferência por homens - mesmo sendo casado com uma mulher para gerar herdeiros. Pessoas trans são consideradas soulcrossers - uma alma que nasceu no corpo errado - e podem legalmente transicionar, e há um personagem secundário que passa por esse processo - de se assumir e se aceitar trans e de iniciar a transição.

A premissa geral é bem legal, mas o livro não escapa de vários clichês. O homem misterioso que tem planos de conseguir poder e tem um amor/obsessão pela mocinha; a mocinha que quer impedir os planos malignos mas que inevitavelmente se “apaixona” pelo homem misterioso. Quando Kamai conhece Vehyn atrás da porta preta, ficou claro que ele seria uma figura vilanesca estilo Darkling - da trilogia Sombra e Osso -, bonitão, misterioso, enigmático, obsessivo, com fome de poder.

Essa parte foi a mais fraca, na minha opinião. As conversar entre os dois eram longas e meio chatas, eu ficava esperando que Vehyn dissesse algo útil, mas ele só ficava enrolando.

Por outro lado, as conspirações envolvendo duas sociedades secretas e o reino são intrigantes. Kamai nunca sabe em quem confiar, quem está do seu lado e quem é seu inimigo. Na corte, ela está sozinha, tentando esconder sua habilidade como soulwalker e descobrir a verdade sobre o assassinato da mãe.

Eu gostaria de ler uma continuação, mostrando as consequências dos acontecimentos finais do livro, inclusive Kamai explorando mais sua habilidade.

Esse livro me deixou intrigada por sua premissa e manteve meu interesse durante toda narrativa. 

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