*Resenha* Late to the Party

Esse livro é uma carta de amor para os introvertidos, tímidos e jovens queers não assumidos, que sempre viram a “verdadeira experiência adolescente” na tv enquanto a vida real dificilmente é só festa/bebida/sexo.

Codi e seus amigos Maritza e JaKory passam seus dias de verão nadando na piscina do bairro, assistindo filmes queer, comendo besteira e sonhando em beijar e ir à festas. Eles não são o tipo de adolescentes que sai com a galera popular, em festas regadas à bebida, mas eles desesperadamente querem ser. JaKory quer um namorado, mas ele prefere navegar pelo Tumblr do que falar com pessoas cara a cara; Maritza quer beijar uma garota pela primeira vez, quase que para se convencer de que é realmente bissexual; e Codi quer... tudo que ela não tem. Quando Codi faz amizade com Ricky, um garoto popular que ainda não se assumiu gay, ela começa a sair com os amigos dele e lentamente se apaixona por uma garota fofa chamada Lydia, tudo sem contar para Maritza e JaKory.

Codi me irritou um pouco por estar sempre reclamando sobre como as pessoas assumem coisas erradas sobre ela, como se elas nunca pudessem imaginá-la indo a uma festa, mesmo que ela nunca tivesse demonstrado interesse nisso antes. A forma como ela esconde tudo dos amigos e o jeito como ela trata Maritza e JaKory também me irritou – por mais que os dois também tenham suas falhas como amigos. 

Acho que o maior problema que eu encontrei nesse livro foi que, ao invés de ser uma história sobre encontrar a sua tribo, seguir seu tempo e ser verdadeiro consigo mesmo, foi mais sobre se encaixar nas convenções sociais. 

Codi sente que não gosta de quem que é quando está com Maritza e JaKory, insiste que eles não são amigos por escolha própria mas por que um professor os colocou juntos quando eram crianças, desprezando totalmente os anos de amizade e os laços que os três formaram. Ela não parece sentir a mínima falta deles quando está com Ricky e o grupo dele, parece estar sempre brava e ignora os dois. Quando está com Ricky e os amigos dele, ela de repente curte beber e dançar e ir à festas e conversar sobre todo tipo de coisa, como se Maritza e JaKory fossem só pesos mortos que ela vinha carregando e que a puxavam para baixo. Apesar de Maritza ser um pouco egoísta, tanto ela quanto JaKory sempre foram bons amigos, a amizade deles nunca pareceu tóxica, mas Codi age como se fosse. 

Além disso, ela tem inveja das experiencias do irmão mais novo, como o primeiro encontro e o primeiro beijo. Isso faz com que ela afaste o irmão cada vez mais, assim como afasta JaKory e Maritza. Cada um tem seu tempo e não há nada de errado em esperar até que se esteja confortável, não é uma corrida, e eu gostaria que a história deixasse isso mais explícito. 

Mesmo assim, Codi é uma personagem com que é possível se identificar, especialmente para pessoas como eu, que nunca foram muito de festas mas ainda assim queriam muito ter uma experiência adolescente hollywoodiana. 

Eu me dei conta que de fato festas não eram para mim e que um bom livro ou uma boa série no meu sofá é muito mais interessante mim, ou seja, toda essa experiencia mágica que nós vemos em filmes norte-americanos, com festas malucas, bebida e pegação, não é para todo mundo, e isso é completamente ok.

O livro da autora Kelly Quindlen é lançamento de 2020 nos EUA e não tem previsão para ser lançado no Brasil.

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