*Resenha* Eleanor e
Park
Rainbow Rowell
325 páginas
Editora Novo Século
Tenho vontade de
ler esse livro há um bom tempo, e não só por que eu sou fã da Rainbow Rowell -
a capa é adorável, eu teria vontade de lê-lo mesmo sem saber só que se trata.
Eleanor e Park é
aquela história de amor adolescente que transcende o tempo, poderia acontecer
em qualquer época, com qualquer pessoa. Romances escolares são comuns, mas não
é por isso que não podem ser lindos em sua simplicidade.
Park está no ônibus
escolar quando põe os olhos em Eleanor pela primeira vez. Ele não consegue
deixar de pensar em como aquela menina ruiva e vestida de forma peculiar é
estranha. Eleanor não se sente nem um pouco confortável em seu primeiro dia de
aula na escola nova, ainda mais por ter que se sentar ao lado daquele mestiço
idiota.
Passada nos anos
oitenta e embalada por ótimas músicas que não dá para não ouvir na cabeça ao
acompanhar a trama, a história mostra dois jovens completamente diferentes, que
compartilham da paixão por quadrinhos e música, e um grande amor.
Eleanor vem de uma
família disfuncional. Sua mãe vive a mercê do marido, o padrasto de Eleanor, um
homem violento que muda de humor em questão de segundos. Eles vivem um uma casa
pequena onde Eleanor é obrigada a dividir o quarto minúsculo com seus quatro
irmãos mais novos. Todas as roupas dela são de segunda mão, já que a família
vive da renda do padrasto, e ele não é exatamente generoso, e ela é obrigada a
reformar as roupas velhas e furadas do jeito que conseguir. Ela não tem nem
escova de dentes, e tem medo demais do padrasto para pedir qualquer coisa - ou
enfrentá-lo.
Park é o oposto.
Seus pais são completamente apaixonados um pelo outro, mesmo depois de muitos
anos de casados e dois filhos - eles se conheceram na Coréia, quando o pai de
Park servia o exército e a mãe era uma jovem coreana de 18 anos. Ele vive em
uma casa espaçosa, tem aparelho de som, walkman com pilhas à disposição e um
carro - assim que ele conseguir a carteira de motorista.
O romance deles começa
aos poucos, lendo alguns quadrinhos dos X-Men, dividindo algumas músicas,
trocando algumas palavras nas idas e vindas de ônibus para a escola. É
inocente, mãos dadas e olhares tímidos, tentando não chamar atenção.
Eleanor é
constantemente atormentada pelos colegas, seja por suas roupas, por seu cabelo,
por seu corpo - ela é gordinha, uma questão que muito a incomoda,
principalmente quando ela pensa em como Park irá reagir quando a vir com menos
roupas. Park é mestiço em uma escola cuja elite é branca, mas ele tem o
respeito dos colegas por ser amigo de infância de muitos.
Além da história de
amor, a trama segue um pouco da dinâmica familiar de cada um, enfatizando as diferenças
que Eleanor e Park enfrentam.
É um livro
cativante, do começo ao fim, e não dá vontade parar. Os capítulos são
intercalados, variando do ponto de vista de Park e Eleanor, então em cenas que
eles estão juntos, podemos saber o que cada um sente em cada situação.
Adorei como os
personagens mudam e crescem ao longo do livro, e como o desfecho mostra esse
crescimento. O desenvolvimento acontece de forma gradual, como deveria, e
mostra a influência de Park sobre Eleanor, e vice e versa, como qualquer
relacionamento, e como isso acontece de forma positiva.
Mais um ponto para
Rainbow Rowell! Essa sabe mesmo como escrever histórias incríveis, por mais
simples que elas sejam. Com uma boa voz, qualquer história pode ser incrível, e
com Rainbow Rowell para contá-la, é tiro certeiro.
Comentários
Postar um comentário