*Resenha* Carry On - A Ascensão e Queda de Simon Snow 
Rainbow Rowell 
480 páginas 
Editora Novo Século 
Sou apaixonada pela Rainbow Rowell desde que li Fangirl dois anos atrás. O livro captava tão bem o que é ser uma fangirl - sofrer com os personagens, escrever fanfics, ficar obcecada com aquele livro, ou série, ou filme, não conseguir pensar ou falar sobre outra coisa - que eu não consegui não me ver na personagem principal, Cath. 
Em Fangirl, Cath é obcecada com uma série de livros chamada Simon Snow, sobre um bruxo adolescente que, de acordo com uma profecia, iria salvar o mundo dos bruxos - o equivalente dela de Harry Potter. Ela escreve uma fanfic chamada Carry On, que é tão popular entre os fãs que muitos consideram o final perfeito da série. 
O livro Carry On não é a fanfic da Cath, mas a visão da própria Rainbow Rowell sobre o bruxo Simon Snow, e o universo que tanto cativou Cath. 
A história se passa no oitavo e último anos de Simon na Escola de Magia de Watford, logo após mais um verão no qual o Escolhido passou em um orfanato Normal - que é como as pessoas não mágicas são chamadas. Simon cresceu entre os Normais, e é o primeiro Normal a ter magia e ser aceito em Watford, e isso o torna muito poderoso, sendo considerado o salvador do mundo bruxo. Também é considerado uma ameaça para as Famílias Antigas, que acreditam que magia deveria ser apenas para bruxos e não deveria ser desperdiçada. 
Parece familiar?
 Carry On tem um monte de referências a Harry Potter, Crepúsculo e à cultura pop em geral, em meio a uma trama cheia de mistério e reviravoltas. Os capítulos são em primeira pessoa, alternando entre Simon e outros personagens, como o Mago - o diretor de Watford e mentor de Simon -, Baz - o colega de quarto de Simon que pode ou não ser um vampiro -, Penelope - a melhor amiga de Simon e o cérebro de qualquer operação -, Agatha - a namorada de Simon, que pode ou não ter um caso com Baz -, entre outros. São muito bem costurados, adicionando mistérios na medida certa com a inclusão de alguns capítulos curtos que vão sendo explicados ao longo do livro. 
Simon é o Escolhido mais passivo de todos. Ele simplesmente aceita que seu destino um dia será lutar contra o grande vilão, e quando essa hora chegar, ele está disposto a fazer tudo o que seu papel requere. Ele não tem uma visão de futuro por que tudo o que ele enxerga é a guerra, e sua morte nela. 
Adoro como ele é completamente obcecado por Baz, sempre afirmando que precisa saber onde outro está, por que Baz obviamente está tramando, já que ele é mau. Boa parte da história é Simon obcecando sobre Baz, que por sua vez, passa muito tempo obcecando sobre Simon, mas não por serem arqui-inimigos, e sim por sua gigantesca paixão pelo colega. Cada vez que Simon faz alguma coisa remotamente gentil para Baz, a reação imediata dele é ironizar, enquanto surta por dentro. 
Eles se merecem e se completam totalmente. 
Penelope é minha personagem favorita. Ela é esperta, criativa, amiga de verdade e disposta a tudo para ajudar Simon no que ele precisar, mesmo que isso seja ajudar Baz - de quem ela não tem muita certeza se gosta e se merece confiança. 
Agatha é perfeita também. Ela poderia ser só mais um interesse romântico, mas ao invés disso ela se torna sua própria personagem. Adoro a forma como ela não liga para magia, apesar de viver em um mundo de bruxos, e como decide abrir mão dela por sua felicidade. Sem falar que ela não termina com um namorado, e sim uma cachorrinha chamada Lucy. 
O Mago é um personagem à la Dumbledore. O mentor e protetor do mundo bruxo, que fez sérias reformas para garantir que qualquer criança mágica pudesse frequentar Watford, não apenas aqueles que possuíssem um alto nível de magia. Assim como Dumbledore, ele é um personagem ambíguo, e a história dele vai sendo desvendada ao longo dos capítulos, sua juventude, suas motivações, seus erros e seus crimes. 
A revelação do grande vilão, uma entidade chamada de Insipidum - que suga a magia dos lugares, criando pontos mortos, onde não existe magia -, foi uma sacada genial. A batalha final não é nada como se espera, e as expectativas não param até chegar à última página. É um livro muito fácil de ler, por que simplesmente não dá para parar. A história é fluida, não tem partes paradas ou chatas, ou desnecessárias. Tudo que está lá tem um motivo, cada pedaço se completa formando uma história mágica cativante.
Mais um ponto para Rainbow Rowell! Agora mal posso esperar para ler Anexos e Eleanor e Park, que também comprei na Bienal.

Comentários

  1. Esta resenha foi um pouco "pesada" para um não iniciado...certamente o público certo deverá curtir as infos!!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

*Resenha* Carrossel Sombrio e Outras Histórias

*Resenha* Surrender Your Sons

*Resenha* Até o Fim do Mundo