*Resenha* Nerve
Jeanne Ryan
299 páginas
Editora Planeta
Confesso que não tinha ouvido falar de Nerve até essa semana, quando vi o trailer do filme estrelado por Emma Roberts e Dave Franco e pensei "Nossa, esse filme vai ser bom!". No mesmo dia meu irmão também comentou que estava curioso sobre o filme, e então eu decidir descobrir um pouco mais. Para minha feliz surpresa, o livro no qual o filme é baseado tinha acabado de ser lançado no Brasil. Sorte minha!
Nerve foi mais uma das minhas compras na Bienal, e foi o segundo livro da pilha de 14 livros que eu decidi ler, principalmente por não achei muita coisa sobre ele, apenas sobre o filme. Então estava curiosa.
A trama segue Vee, uma adolescente que se cansa de ficar nos bastidores - literalmente, ela é maquiadora e figurinista do grupo de teatro do colégio - e se inscreve em um jogo de desafios, chamado Nerve. Os desafios não são virtuais, mas coisas que é preciso sair e fazer, como pagar mico em público cantando uma musica no meio de uma loja, jogar água na cabeça, fingir que está furtando alguma coisa. Cumprindo os desafios, que devem ser transmitidos para o site do Nerve, se ganha prêmios que foram especificamente selecionados para cada um. É como se o site soubesse os gostos e desejos de cada um, oferecendo sempre algo irrecusável para que o Jogador tente o desafio.
Vee cumpre os primeiros desafios, todos transmitidos pela internet para todos os Observadores, que são as pessoas que pagam para assistir aos desafios, seja pelo celular ou presencialmente, e ganha muitos fãs. Tanto é que é convidada para participar de uma série de desafios ao vivo que leva a um grande prêmio. Para Vee, o grande prêmio envolve uma bolsa de estudos e uma entrevista de emprego. Ela não quer desistir.
Os desafios, porém, começam a se tornar assustadores e perigosos, e desistir de repente não é mais uma questão de querer.
Nerve é , na verdade, um grande reality show que ninguém acredita ser mesmo real. Ao longo da história, personagens especulam edições anteriores das rodadas ao vivo, afirmando que é claro que aquela menina não estava em uma caixa cheia de cobras venenosas, era tudo encenação. Que é como muita gente se sente em relação aos milhares realities que temos hoje, desde os estilo Big Brother até os do tipo Largados e Pelados. A gente especula, mas é claro que os participantes nunca estão em perigo real. Com Nerve, não dá muito para saber com certeza se o perigo que Vee corre é real. A história é narrada em primeira pessoa, e é possível saber que o medo dela é real, mas não se as situações são realmente perigosas ou se é a paranoia falando.
Vee é uma boa protagonista, a garota comum que decide tomar uma atitude drástica. Ela se contrasta com a maioria dos Jogadores, é o oposto deles. Seus amigos dizem que ela não é esse tipo de garota, que é doce demais, e ela simplesmente tem que provar o contrário. Quem nunca?
Li muito rápido, me identifiquei com Vee e acho que todo mundo se identificaria um pouquinho com ela. Achei, porém, a trama um tanto corrida. Tudo acontece em três noites, praticamente, e, com a exceção de Vee, a narradora, não há profundidade de nenhum outro personagem. Conhecemos um pouco de Sydney, a melhor amiga de Vee, mais pelos conflitos que as duas tem do que pela convivência com a personagem. Ian, o parceiro de Vee no jogo, também é um mistério, apesar de ficar claro que ele é, de fato, um cara legal.
Gostei de não ter um vilão - o jogo Nerve é controlado por pessoas misteriosas -, e que as próprias pessoas se inscrevem para jogar essa coisa maluca. Cada um toma uma decisão consciente, até certo ponto, e pode desistir se não quiser seguir em frente. A ganância, os desejos, isso sempre fala mais alto com os participantes de Nerve, que não querem perder de vista o grande prêmio oferecido para cada um. Isso sem falar dos Observadores, que pagam para ficar assistindo aos terríveis desafios.
É um excelente retrato da nossa sociedade, e de qual o limite entre o entretenimento e a vida real. O que é entretenimento para você? Até onde iria por um prêmio? E se esse prêmio fosse todos os seus sonhos realizados? Essa é a proposta de Nerve, e vale a reflexão.
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