*Review* Dread Nation + Deathless Divide

Essa duologia foi mais uma surpresa boa! Não sabia o quanto eu gostava de faroestes e de zumbis.

Após a Guerra Civil Americana, os mortos-vivos assolam o país dividido. Mesmo com o fim da escravidão, a população preta tem dificuldades de viver dignamente, e os jovens são enviados à escolas de combate para aprenderem a lutar contra os mortos e proteger a população branca. Jane frequenta uma das escolas de combate mais prestigiadas, e mal pode esperar para se formar e tomar as rédeas da sua vida. Mas quando ela começa a descobrir terríveis segredos, ela é enviada a um povoado no oeste que deveria ser uma utopia - mas somente para os brancos. Forçada a patrulhar os muros da cidade e vivendo em um regime de escravidão velada, Jane precisa encontrar uma forma de se manter a salvo dos mortos e dos vivos.

A história se passa em um período muito crítico dos EUA, e o contexto histórico é muito importante aqui. Tirando os zumbis, é uma jornada de liberdade de um povo que, apesar de tecnicamente livre, não é aceito como igual nem tratado com respeito. Há muita linguagem racista e incomoda muito - esse é o objetivo, afinal. Por conta disso, pode não ser uma boa leitura para todo mundo.

De qualquer maneira, eu achei a duologia extremamente bem escrita, com um ritmo quase frenético e que consegue ter momentos mais calmos sem perder o passo.
Jane é uma protagonista incrível, forte, corajosa, decidida e muito consciente da situação geral do país. Ela ainda consegue ser solidária e heróica e acaba sempre pensando nos outros, sem nunca salvar somente a si mesma.

Catherine é secundária no primeiro livro, mas ganha seu próprio ponto de vista na sequência. Quase o oposto Jane em personalidade, Kate sempre age como uma dama e, com sua pele clara, consegue se passar por branca em mais de uma ocasião - o que a deixa muito desconfortável, mas é a forma que Jane encontra se mantê-la segura. Não que ela precise de ajuda, sendo uma das melhores moças da escola de combate, com a melhor mira, o que ela prova várias vezes na hora de lutar - mesmo de espartilho, para o horror de Jane.

A dinâmica entre as duas vai de rivais à amigas à irmãs ao longo da duologia, e é muito divertido ver como as elas florescem com a ajuda uma da outra. Eu achei que elas teriam um romance, mas fiquei bem feliz em estar errada. Jane é bissexual e tem relacionamentos tanto com homens quanto mulheres nos livros, e Catherine fala várias vezes sobre sua falta de interesse em relações amorosas ou sexuais, implicando que ela é aroace. O fato de elas não se envolverem romanticamente só reforça a importância dos laços amizade.

Além das protagonistas badass e da sororidade construída não só entre ela mas entre várias outras mulheres fortes ao longo dos livros, a história foca em mais um tema super atual, que é ciência x religião, e o quão longe a humanidade está disposta a ir e o quanto está disposta a sacrificar em nome da ciência. O cientista em questão parece um cara legal, mas nem tudo é o que parece, uma vez que ele não deixará nada o impedir de descobrir uma vacina para a praga dos mortos-vivos, não importa quantas cobaias ele sacrifique.

Eu adorei acompanhar a jornada dessas moças maravilhosas pelos EUA, resgatando pessoas indefesas, lutando contra mortos-vivos e vivos monstruosos - se bem que eu acho que o meme “eat the rich” se encaixa super bem aqui, era só deixar os zumbis devorarem os ricos escravocratas e os racistas de plantão.

Essa duologia tem muito potencial para uma série de TV incrível, com todos os temas importantes que aborda, a ação e emoção que mistura Django Livre e The Walking Dead. Meu sonho ver Jane e Catherine cortando cabeças de zumbis com foices e facas e atirando em homens nojentos - sério, tantos homens nojentos.

Decididamente é uma duologia que me deixou totalmente viciada, não conseguia parar de ler e fiquei querendo mais quando acabou!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

*Resenha* Carrossel Sombrio e Outras Histórias

*Resenha* Surrender Your Sons

*Resenha* Até o Fim do Mundo