*Review* Concrete Rose

Esse spin-off de O Ódio Que Você Semeia acabou sendo uma história bem diferente do que eu esperava.

Maverick Carter tem 17 anos quando se torna pai pela primeira vez. Dividindo entre seu desejo de ser um bom pai e o legado do seu próprio pai na gangue King Lords, ele luta contra as expectativas e julgamentos da sociedade.

Esse livro acabou sendo mais suave do que THUG (The Hate U Give), por não tratar tanto sobre preconceito racial. Aqui vemos a jornada de um jovem aprendendo a ser pai, sobre as dificuldades que normalmente são associadas às mães adolescentes, e aqui é apresentado no contexto do pai adolescente.

Maverick é um personagem muito real, todas as dúvidas, os sonhos e as decisões são compreensíveis, os dilemas fazem muito sentido - desde as noites em claro quando o bebê não para de chorar, até o desejo de vingança após o assassinato de uma pessoa querida. É bem legal ver o jovem que um dia vai criar nossa querida Starr Carter tendo dúvidas e medos e cometendo erros.

O amor de Mav pelo bebê Seven é muito lindo de ver, e é algo que não é muito explorado no YA. A relação dele com o melhor amigo/futuro rival King já se mostra meio tóxica logo na juventude, e o desejo de Mav de se manter longe dos negócios da gangue entra em conflito com os interesses de King.

Mav é quase um clichê dos anos 90: um jovem preto com associação à gangues que engravidou meninas - plural, já que logo depois de Seven já vem a Starr, e os bebês têm mães diferentes. Mas ele quer desesperadamente se livrar desse rótulo, e para isso ele conta com o apoio e os conselhos de pessoas ao seu redor, que irão moldar o homem que ele se tornará em THUG.

Gostei muito da mensagem da trama, sobre como nossas decisões e nossos atos são o que nos define, não a imagem que a sociedade tem, que já vem cheia de preconceitos e estereótipos. Mav decide trilhar seu próprio caminho, com suas próprias regras, e assim se desviar do “futuro certo” da maioria dos jovens da comunidade dele.

A escrita da autora Angie Thomas mais uma vez nos transporta para Garden Hights, dessa vez com o charme brega dos anos 90. Eu adoro quando autores fazem referência à outras obras, e aqui temos uma referência à Cartas Para Martin, da autora Nic Stone, quando Mav e Lisa - a mãe da Starr - conhecem a mãe de Justyce, que está grávida dele. Isso faz tudo parecer um grande universo conectado - a Becky Albertalli referenciou a Angie em Com Amor, Creekwood, quando Bram se fala da prima chamada Starr. Seria meu sonho todos esses personagens compartilharem uma história escrita por várias autoras incríveis.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

*Resenha* Carrossel Sombrio e Outras Histórias

*Resenha* Surrender Your Sons

*Resenha* Até o Fim do Mundo