*Resenha* Amigo Imaginário


Vinte anos depois de As Vantagens de Ser Invisível, Stephen Chbocky volta às livrarias com um livro completamente diferente do anterior. Ao invés de jovens se descobrindo e enfrentando desafios, dessa vez temos uma cidade inteira assombrada por mistérios, em uma historia de terror que não dá para parar de ler.


São diversos pontos de vista, de vários moradores de uma pequena cidade, para onde Kate Reese e seu filho Christopher se mudam.  Fugindo de um namorado abusivo, Kate acha que dessa vez ela poderá dar um lar ao filho, mas Christopher desaparece na floresta ao redor da cidade, e ninguém o vê por seis dias. Quando Christopher reaparece, ele está sutilmente diferente, e ouve uma voz em sua cabeça que lhe dá uma missão: construir uma casa na árvore na floresta antes do natal, ou sua mãe e toda a cidade sofrerão consequências terríveis. 


A história é cheia de mistérios e reviravoltas, e tudo se desenvolve de forma surpreendente. Há pontos de vista das crianças e adultos da cidade, e vamos descobrindo sobre suas vidas, seus anseios e temores. Isso vai moldando uma situação caótica, sob o disfarce de uma gripe misteriosa, em que os cidadãos agem de forma inconsequente - uma senhora esfaqueia o marido, uma criança pega a arma do pai para se preparar para uma guerra, uma mulher bebe tinta de parede. 


Momentos como esses são narrados de um jeito tão natural que a cabeça nem registra direito as situações horríveis que estão acontecendo. O terror não é só psicológico, pois há uma força maligna conspirando para emergir. 


O livro é longo, mas não fica cansativo, pois a tensão vai se estabelecendo gradativamente e se torna uma constante. Inclusive, eu achei que o final poderia ter sido mais elaborado. Após o clímax, não há muito sobre as consequências de tudo que aconteceu, o que me frustrou um pouco. 


Como alguém que ama As Vantagens de Ser Invisível e se identifica muito com Charlie, não há como comparar Amigo Imaginário  ao antecessor. A premissa, o estilo, a construção da história é completamente diferente, mas mantém a sutileza na hora de revelar informações impactantes - que te faz ler de novo para ter certeza de que entendeu certo. Neste livro, não há apenas um protagonista, pois a trama envolve todos, mesmo que Christopher seja uma espécie de catalisador para os acontecimentos. 


A história me prendeu do começo ao fim e há momentos realmente assustadores. Tem cenas fortes de violência, menção à suicídio, estupro e abuso sexual - incluindo pedofilia -, violência doméstica, abuso psicológico, alcoolismo, aborto, entre outros temas. Portanto, não é para todo tipo de leitor. 


Mesmo assim, se você sentir que quer e consegue encarar, é uma leitura que vale a pena - e o hype. 

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