*Resenha* Frank e o Amor

Eu já queria esse livro bem antes de recebê-lo na malinha de outubro do Turista Literário, não só pela premissa, mas também pelo nome do autor. David Yoon é marido da autora Nicola Yoon, de Tudo e Todas as Coisas, e O Sol Também é Uma Estrela, então eu tinha expectativas altas, e não me decepcionei.

Sinopse:

“Frank está descobrindo o amor ― e você está prestes a se apaixonar por este livro.

Frank nunca conseguiu conciliar as expectativas de sua família tradicional coreana com sua vida de adolescente na Califórnia. E tudo se complica quando ele começa a sair com a garota de seus sonhos, Brit Means, que é engraçada, inteligente, linda… Basicamente a nora perfeita para seus pais ― caso tivesse origem coreana também.
Para poder continuar saindo com quem quiser, Frank começa um namoro de mentira com Joy Song, filha de um casal de amigos da família, que está passando pelo mesmo problema. Parece o plano perfeito, mas logo Frank vai perceber que talvez não entenda o amor ― e a si mesmo ― tão bem assim.”

A temática de jovens filhos de imigrantes, sua dúvidas sobre a divisão da cultura de seu país ancestral e onde nasceram, é algo que já encontrei bastante em livros e filmes nos últimos anos, e é ótimo ver esse ponto de vista ser explorado uma vez que muitos jovens passam por essas mesmas situações. Os EUA e o Brasil são países de imigrantes, mas as ondas de imigrações do continente asiático para os EUA nos anos 70 e 80 fazem com muitos jovens adultos hoje sejam a primeira geração nascida no novo país, dividida entre o passado que os pais tentam preservar e o futuro incerto que pede que se encaixem.

Frank Li faz parte dessa geração. Seus pais imigraram para os EUA juntamente a vários outros casais em busca de uma vida melhor, e se mantêm firmes em suas tradições coreanas mesmo em outro país. Os casais se reúnem uma vez por mês para botar o papo em dia – e se exibir uns para os outros -, e os filhos têm oportunidade de interagir, mesmo nenhum deles tendo interesse nisso.

Todos eles sentem-se presos entre as tradições e expectativas dos pais tradicionais e os estereótipos que o resto do mundo os vê, além do preconceito dos pais com qualquer outra pessoa que não seja coreana. Frank por várias vezes questiona seu lugar no mundo, se ele se identifica como coreano, como americano, como coreano-americano, ou se faz diferença o lugar onde nasceu, de onde seus pais vieram, ou mesmo sua fisionomia e o fato de ele ter um nome coreano e um americano.

O debate de raça e preconceito racial é bastante debatido. O melhor amigo de Frank, Q, é negro, e seus pais o aceitam sem problemas em casa, mas Hanna, a irmã mais velha de Frank, é casada com um homem negro, e os pais a deserdaram por ela não se casar com alguém que eles aprovavam, ou seja, alguém coreano.

Outras situações lidam com privilégio branco, como quando Frank vai almoçar em um restaurante coreano com a família da namorada Brit, que é branca, e ele se sente pressionado a saber todos os pratos do cardápio para explicar o que é cada coisa. Ele se sente mal ao pensar isso, e em comparação se pergunta se o pai de Brit, que é descendente de italianos, saberia todos os detalhes de um cardápio italiano.

O personagem principal é totalmente adorável. Frank Li é engraçado, dedicado e quer que todos se deem bem. Ele se esforça para agradar os pais, mesmo que sinta que não os conhece de verdade, sente falta da irmã que está longe e sua amizade com Q é ótima. Os personagens secundários também trazem bastante conteúdo à história, e eu gostaria de ver mais sobre Q - quem sabe em outro livro, David Yoon?

O livro também é sobre família, sobre se conectar com aqueles que estão próximos de você, sobre compreensão e amor familiar. A jornada de Frank e seus pais é linda.

Esse é realmente uma história que nos faz refletir sobre diversos temas, e a leveza e seriedade com que são abordados são no ponto certo. Uma ótima leitura!

O livro foi lançado no Brasil em 2019 pela editora Seguinte.

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